JORNADA DA ALMA: A ARTE DE FORMAR O CARÁTER

JORNADA DA ALMA: A ARTE DE FORMAR O CARÁTER

12/07/2021 Amor e Luz 0

A violência doméstica é comentada em diversos círculos, a reação geral de indignação é manifesta e, chocadas, as pessoas discutem e questionam especialmente os casos em que envolvem crimes contra a vida, protagonizados no ambiente do lar. Invariavelmente, nestes improvisados debates, surge o tema da educação, com críticos e defensores dos modelos atuais e do passado, quando os pais eram tratados por “senhor e senhora”, e o filho tremia a falar-lhes confundindo-se distanciamento afetivo com respeito.

Não se torna difícil perceber, ouvindo-se essas colocações, que a preocupação central era produzir uma criança bem comportada diante dos outros, socialmente aceita e que não envergonhasse os adultos com sua conduta infantil. Acabou-se por afrouxar este modelo e cairmos no extremo oposto quando se defendia que nada devia ser negado à criança, que se devia deixá-lo fazer tudo que tivesse vontade e qualquer resposta negativa ou chamada de atenção poderia causar traumas.

Hoje, especialistas defendem uma postura mais equilibrada: nem tanto o antigo temor, nem tanto a liberdade total, mas o claro conhecimento dos limites que darão à criança estabilidade necessária ao desenvolvimento da personalidade.

Poucos pensam nas crianças como espíritos imortais que chegam às suas mãos para serem auxiliados a encontrar um caminho de evolução, de crescimento espiritual e felicidade verdadeira; poucos direcionam sua ação para conhecer caráter e as tendências das crianças, fortalecendo as virtudes que manifestam e combatendo as imperfeições. Por isso, vemos ocorrer entre familiares atos de barbárie, explosões de paixões que ignoram qualquer domínio em seus executores. Onde está a explicação? Qual a razão do problema? Desafetos de vidas passadas? É até possível, mas precisamos lembrar que estamos juntos para reformular caminhos e não para repetir atos infelizes. E o caminho de transformação passa pela educação compreendida de forma ampla, encarando a criança como um ser integral, espírito experiente, inteligente e também emocional, analisando como melhor guiá-lo na nova experiência, tendo em vista o progresso espiritual.

No livro “Inteligência Emocional”, “capítulo O Cadinho Familiar” o autor narra diversas ocorrências do cotidiano familiar, quando inadvertidamente são transmitidas mensagens emocionais negativas às crianças, que serão responsáveis por suas futuras atitudes. Diz ele: “a vida familiar é nossa primeira escola de aprendizado emocional; nesse caldeirão íntimo aprendemos como nos sentir em relação a nós mesmos, e como os outros vão reagir a nossos sentimentos; como pensar e que escolhas temos de reagir; como ler e manifestar esperanças e temores. Este aprendizado emocional atua não apenas por meio de coisas que os pais fazem e dizem diretamente às crianças, mas também nos modelos que oferecem para lidar com seus próprios sentimentos, e os que passam entre marido e mulher. Alguns pais são professores emocionais talentosos, outros são atrozes.”

Em diversos textos da obra de Kardec salta aos olhos sua preocupação com a educação e a responsabilidade dos pais, alertando: “a infância tem ainda outra utilidade; os espíritos não entram na vida corpórea senão para se aperfeiçoarem, se melhorarem; a fraqueza da juventude torna-os flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que devem fazê-los progredir, é então que se pode reformular seu caráter e reprimir maus pendores; tal é o dever que Deus confiou aos seus pais, missão sagrada pelo qual terão que responder.”

Ampliar o conhecimento dos processos físicos, psicológicos, emocionais e espirituais envolvidos na infância é um caminho para desenvolvermos métodos de educação compatíveis com a arte de formar caráter.

Extraído de Revista Literária Espírita Delfos

Denise Costa