JESUS E A CRIATIVIDADE

JESUS E A CRIATIVIDADE

15/07/2021 Juventude 0

Jesus, durante o Sermão da Montanha, dá um ensinamento muito interessante sobre a criatividade. Conceitualmente, criatividade é a capacidade que todo ser humano possui de criar ideias novas que solucionem os desafios diários.

É um mito acreditar que ser criativo é um “dom divino”, uma capacidade de poucos mortais em criar ideias geniais premiadas em festivais artísticos espalhados pelo mundo. Sim, existem pessoas que trabalham e ganham dinheiro com a criatividade. Mas não, elas não são as únicas criativas no mundo.

Você é criativo. Caso contrário, jamais teria sido capaz de solucionar a menor das dificuldades de sua vida. Por exemplo, ao perder o horário do ônibus, você resolveu esse transtorno de alguma outra forma. Isso é criatividade. Portanto, quando falamos de criatividade não estamos falando da qualidade das ideias, estamos falando simplesmente de ter ideias.

Mas toda ação, seja boa ou má, surge da ideia. Por isso Jesus entra no quesito da qualidade das ideias ao dizer o seguinte:

– O seu olho é a luz do seu corpo. Se o seu olho for simples, todo o teu corpo será luminoso. Mas se o seu olho for mau todo o seu corpo estará em trevas. Se, pois, a luz que há em você são trevas, quão grandes não serão essas mesmas trevas!

Criamos a partir do momento em que nossa mente associa uma ideia com outra. A ideia A associada a ideia B gera a ideia C e assim sucessivamente. Portanto, as ideias surgem por meio de um mecanismo de associação de ideias pré-concebidas localizadas e guardadas em nosso repertório de vida, em nossa memória. Ou seja, uma ideia nova depende da associação de ideias mais antigas. Inclusive, esse é o mecanismo pelo qual esse texto está sendo criado para depois ser redigido.

Na maioria das vezes, esse processo ocorre sem que nos percebamos do fato. Quando alguém pisa no nosso pé (chamemos de ideia A), a gente imediatamente associa essa situação com alguma outra ideia pré-concebida guardada no repertório (chamemos de ideia B) e, da associação entre as duas, a gente cria a ideia C: imaginamos todas as situações possíveis de como nos vingarmos desse agressor frio e calculista. Perceba que a qualidade negativa da ideia B, em interpretar o fato como agressão, fez com que a ideia C fosse de vingança.

E é por isso que Jesus chama atenção para a criatividade. Somos seres criativos por natureza, querendo ou não, e todas as nossas realizações na vida surgem, antes, nas ideias. Realizações boas nascem de ideias boas da mesma forma que realizações más surgem de ideias ruins.

Portanto, se queremos ter boas realizações em nossas vidas precisamos melhorar a qualidade das nossas ideias. E a única forma de melhorarmos essa qualidade é fazendo o que Jesus disse: tendo um olho simples e luminoso.

Metaforicamente, Jesus quer dizer que devemos conscientemente buscarmos o lado bom da vida para que possamos melhorar a qualidade do nosso repertório, das nossas experiências, e, assim, termos a possibilidade de criarmos coisas boas.

Se os nossos olhos apenas assistem, leem, ouvem, frequentam e se interessam por violência, sensacionalismo, promiscuidade, crueldade, teremos apenas repertório para vermos o lado ruim da vida e, por conseguinte, apenas teremos ideias pessimistas, vingativas e violentas, andando em trevas criadas por nós mesmos.

Já quando nossos olhos assistem, leem, ouvem, frequentam e se interessam pela bondade, caridade, saúde, amizade, amorosidade, sabedoria, o nosso repertório se abastece de luz para que possamos criar ideias boas que nos façam andar no lado luminoso da vida.

Apenas criamos o que temos dentro de nós. Por isso, Paulo de Tarso disse: examine tudo, mas retenha o bem.

Jovem! Parece que as trevas estão em todos os lados. Mas se você olhar bem, se você procurar, verá que a luz é muito mais forte. Procure-a. Absorva-a. Assista, leia, ouça, frequente e se interesse pela luz. Preencha a sua vida de boas ideias para que a sua vida seja de boas realizações. Assim, será possível você fazer como Emmanuel diz na obra Nosso Livro*: “não se canse de criar a felicidade e o amor, trabalhando e cooperando, amando e servindo”.

Vinicius Del Ry Menezes

*Nosso Livro, espíritos diversos, psicografia de Chico Xavier.