JESUS E A FUGA DE SI MESMO

JESUS E A FUGA DE SI MESMO

05/08/2021 Juventude 0

Jesus chegou à Betânia, um pequeno povoado vizinho de Jerusalém. O Mestre adorava visitar essa cidade porque ali moravam três corações muito queridos: os irmãos Marta, Maria e Lázaro. Uma amizade profunda ligava uns aos outros e, por isso, frequentemente, quando queria descansar, era para lá que o Mestre se dirigia.

Recebido com muita alegria por Marta e Maria, Jesus sentou-se à mesa, feliz por poder descansar em um ambiente simples e acolhedor.

Maria, a irmã mais nova, sentou-se em um banquinho próximo a Jesus. Com uma inteligência afiada e um coração puro, Maria amava conversar com Jesus, pois ele era a única pessoa no povoado com quem ela podia ter uma conversa altamente filosófica sobre as verdades espirituais.

Enquanto conversava com Maria, Jesus discretamente observava Marta, a irmã mais velha. Ela ia e vinha, preocupada com os afazeres domésticos. De espírito prático e decidido, Marta servia à mesa, buscando uma perfeição exagerada.

Notando o seu cansaço, Jesus sorriu para Marta, como quem a estimulasse a falar. E ela de fato falou:

– Mestre, o senhor não se incomoda com minha irmã que me deixou sozinha servindo à mesa? Diga a ela que me ajude.

Profundo conhecedor da alma humana, Jesus sabia que o incômodo de Marta não era de fato contra ele ou Maria. O incômodo não era nem contra o fato dela estar servindo à mesa sozinha enquanto Maria, aparentemente, não se importava com isso. O que a incomodava era algo muito mais profundo, algo mais íntimo. Na verdade, essa queixa era um disfarce para algo mais.

Jesus, sorrindo, disse-lhe:

–  Marta, Marta, você está ansiosa e perturbada com muitas coisas. Entretanto, poucas dessas coisas são necessárias. Na verdade, uma coisa só é necessária. Maria escolheu o que é necessário e isso não lhe será tirado.

As palavras de Jesus calaram fundo em sua alma. Sim, ela andava perdida em suas próprias preocupações. E essas coisas, em sua maioria, eram completamente desnecessárias para a sua própria felicidade. Eram preocupações mesquinhas da rotina diária que podiam ser adiadas em favor de trabalhos mais elevados em benefício ao próximo. Ela estava tão perturbada por essas questões que não conseguia mais enxergar os seus próprios anseios, as suas próprias vontades. Por isso, zangava-se com Maria, pois queria ser como ela: uma jovem alegre e que levava a vida com uma leveza que ela, Marta, não conseguia.

Marta percebeu que estava em fuga para não encarar os próprios sentimentos, pensamentos e anseios mais profundos de sua alma. Preocupava-se exageradamente com os afazeres domésticos para não ter tempo de se analisar, de se olhar, de se aceitar. Mantinha-se focada no mundo externo por temer o próprio mundo interior.

Maria, ao contrário, dava o valor exato aos afazeres domésticos, aos bens materiais que possuía, ao trabalho que lhe mantinha a subsistência, pois ela os entendia como simples meios para a sua própria evolução espiritual. Essa sim, a evolução espiritual, a tarefa mais importante da vida de uma pessoa. A tarefa primordial a partir da qual todas as outras devem, ou deveriam, ser estruturadas.

Todas essas reflexões foram realizadas por Marta em brevíssimos segundos. Grata pelo ensinamento, ela sentou-se à mesa e permitiu-se entreter-se com a descontraída conversa que Jesus mantinha com Maria.

Jovem! É natural no período da adolescência darmos um valor exageradíssimo às preocupações da idade: colégio, academia, amigos, namoro, rolês, estudos e entretenimentos. Mas não se esqueça de que estamos aqui, reencarnados, com o propósito de evoluirmos espiritualmente rumo à nossa perfeição. Não fuja dessa realidade! Aproveite essa fase da vida para se fortalecer espiritualmente para os futuros embates que a vida lhe trará. E o melhor fortalecimento espiritual que existe são os ensinamentos de nosso mestre Jesus.

Vinicius Del Ry Menezes