JESUS E O RACISMO

JESUS E O RACISMO

30/07/2020 Juventude 0

Na época de Jesus, o orgulho por ser de determinada raça era tão dominante que determinava os hábitos sociais e até mesmo espirituais.

Naquela época, os judeus orgulhavam-se por terem sido o primeiro povo a acreditar em um Deus único, ao contrário dos egípcios, gregos e romanos que eram politeístas. Por isso, os judeus acreditavam que eram o povo escolhido por Deus para guiarem os outros povos.

Essa crença era reforçada pelo fato de que Moisés, responsável pela libertação dos judeus da dominação egípcia, foi o profeta a trazer a primeira grande revelação divina: os dez mandamentos.

Dessa forma, os judeus entendiam que era responsabilidade deles guiarem os outros povos para que esses povos também acreditassem em um Deus único e praticassem os dez mandamentos. E de fato era responsabilidade deles, sim, guiarem espiritualmente os outros povos, já que, pela lógica, aquele que sabe mais ensina aquele que sabe menos.

No entanto, alguns líderes judeus confundiram esse “guiar espiritual” com dominação política. Um dos motivos dessa confusão foi que, pelo fato de terem tido muitas dificuldades de relacionamento, em especial no deserto após a libertação egípcia, Moisés se viu obrigado a impor diversas normas e padrões rígidos de conduta social para que o povo mantivesse o mínimo de civilidade entre si. Com o passar dos anos, essas normas e padrões sociais passaram a ter uma aura mística de espiritualidade e meras convenções sociais, como lavar as mãos antes de comer, passaram a ter um significado religioso profundo. Essas convenções e normas sociais tornaram-se tão arraigadas no povo que quem não as seguisse era considerado um pária da sociedade. Assim, religião e política se misturaram de tal forma que leis civis tornaram-se religiosas, embora nada tivessem de divinas.

Para piorar o quadro, alguns líderes judeus daquela época, por terem sofrido tantas dominações de outros povos, eram ávidos por também dominarem as demais nações sob o pretexto de que eles, como conhecedores do Deus único e dos dez mandamentos, eram o povo escolhido para guiá-los. Na verdade, queriam ir à desforra. Confundiram a palavra guiar com a palavra dominar.

O quadro se deteriorou ainda mais quando sofreram a dominação militar dos romanos, politeístas sanguinários que dominaram quase todo o mundo conhecido de então. O orgulho de ser o povo escolhido por Deus para guiar os outros povos foi profundamente ofendido e abalado.

Dominado militarmente, só restava aos judeus da época se apegar às convenções sociais, rituais e cultos exteriores como forma de reafirmar a sua fé em um Deus único e se diferenciar de seus dominadores.

Ainda assim, os judeus da época se subdividiram em algumas seitas, cada uma com uma característica e todas acreditando que eram as únicas que interpretavam e praticavam as leis mosaicas. A mais influente seita foi a dos Fariseus, extremamente tradicionalistas, dogmáticos, orgulhosos, que se utilizavam das leis para a manipulação política da população e promoviam intermináveis discussões sobre os textos sagrados sem chegaram à conclusão nenhuma. Já a seita dos Saduceus era extremamente materialista, utilizando as escrituras sagradas e as leis mosaicas para a satisfação de suas vontades mesquinhas. Por fim, os Samaritanos formavam um povo odiado pelos judeus, em especial pela seita dos fariseus, porque eles se tornaram uma espécie de reino dissidente de Israel. Com opiniões religiosas divergentes sobre os mesmos textos sagrados, Samaritanos e Fariseus odiavam-se.

São por esses motivos que os fariseus e os saduceus odiavam Jesus, embora o povo judeu simples, sofrido, o amasse.

Jesus demonstrou que os dez mandamentos e as demais leis mosaicas eram muito simples de serem interpretadas e aplicadas. Para isso, bastava lê-las com as lentes do amor. Esse ensinamento de Jesus foi revolucionário porque a partir do momento em que o amor torna-se a chave da interpretação da lei, a lei se torna clara, não há margem para discussão, qualquer pessoa pode entendê-la e todos se tornam livres de qualquer dominação política e religiosa.

A ira dos fariseus e saduceus contra Jesus era essa: se todos se amassem, todos seriam iguais e, assim, a hierarquia religiosa desabaria e a dominação política das seitas sobre o povo simples e sofrido acabaria.

Jovem! Ao nos ensinar a amar o próximo, Jesus não colocou nenhuma condição. Na parábola do Bom Samaritano, a única pessoa que teve amor suficiente para socorrer o judeu caído na estrada foi justamente o samaritano odiado pelos fariseus. O amor ao próximo é a única ação capaz de igualar todo ser humano, seja ele de qual raça for, seja ele de qual gênero for, seja ele de qual orientação sexual for, seja ele quem ele quiser ser. Se há dois mil anos a humanidade já tivesse entendido isso, já não existiria mais qualquer tipo de racismo e preconceito em nossa humanidade.

Vinicius Del Ry Menezes