HUMILDADE

HUMILDADE

27/07/2020 Amor e Luz 0

Adelino da Silveira narra que se encontrava na residência de Chico Xavier numa daquelas fases em que seu estado de saúde não lhe permitia deslocar-se até o Centro. No entanto, uma multidão se comprimia lá na rua em frente, e quando o portão se abriu, a fila de pessoas tinha alguns quarteirões. Como de hábito, foram passando uma a uma em frente ao Chico. Eram pessoas de todas as idades, de todas as condições sociais e dos mais distantes lugares do País.

Alguns diziam:

– Eu só queira tocá-lo.

– Meu maior sonho era conhecê-lo…

– Só queria ouvir sua voz e apertar sua mão.

Muitos queriam notícias de familiares desencarnados ou espantar uma ideia de suicídio.

Outros nada diziam e nada pediam, só conseguiam chorar. Bastava uma simples palavra de Chico, seus semblantes se transfiguravam, saiam sorridentes.

Adelino da Silveira, diante do cortejo inigualável, e especialmente pela maneira como Chico atendia a todos, ficou a pensar: “Meu Deus, a aura do Chico é tão boa… Seu magnetismo é tão grande, que parece que pulveriza nossas dores e ameniza nossas ansiedades”. Instantaneamente a este pensamento se dirige ao confrade e lhe diz:

– Comove-me a bondade de nossa gente em vir visitar-me. Não tenho mais nada para dar. Estou quase morto. Por que você acha que ele vem?

E como Chico continuava olhando para Adelino sem resposta, este concluiu o raciocínio dizendo:

– Acho que eles estão com saudades de Jesus.

     Lá pelas tantas da noite, quando a fila havia diminuído sensivelmente, o confrade Adelino percebe que os lábios de Chico estavam sangrando, pois, ele havia beijado a mão de centenas de pessoas. Adelino da Silveira fica com tanta pena daquele homem que já contava com oitenta e oito anos, mais de setenta de dedicação ao atendimento de pessoas, que lhe pergunta:

– Chico, por que você beija a mão deles?

A resposta que recebeu deixou-o ainda mais estupefato e admirando-o mais do que nunca, pois declara que a resposta marcou sua alma para a eternidade:

– Porque não posso me curvar para beijar-lhes os pés.

Chico Xavier