JESUS E O INCONSCIENTE

João, em seu Evangelho, narra uma passagem de Jesus muito interessante. Conta o evangelista que Jesus, um dia, disse ao povo e aos fariseus que o cercavam:

– Vim a este mundo para exercer um juízo, a fim de que os que não veem vejam e os que veem se tornem cegos.

Os fariseus, orgulhosos de seus profundos conhecimentos sobre as leis mosaicas, perguntaram:

– Então, nós também somos cegos?

Jesus respondeu:

– Se vocês fossem cegos não teriam pecados. Mas, agora, dizem que veem e é por isso que em vocês permanece o pecado.

A cegueira a que Jesus se referia era a inconsciência. E para entender esse ensinamento do Mestre, é necessário entender o consciente e o inconsciente.

O consciente é tudo aquilo que o ser conseguiu tornar conhecido em sua própria mente: personalidade, gostos, sentimentos, atos, saberes, habilidades, valores, etc.

Já o inconsciente é o oposto, ou seja, tudo aquilo que a pessoa ainda não conseguiu conhecer de sua própria mente: as sombras, os medos, os defeitos, os vícios, os maus pendores, etc.

Por isso, Jesus compara o inconsciente com a cegueira, uma vez que é preciso olhar para o inconsciente para vê-lo, percebê-lo, compreendê-lo e modificá-lo.

É muito comum os psicoterapeutas compararem a mente a um iceberg, em que a parte visível dele, para fora da água, assemelha-se ao consciente e a parte invisível, dentro da água, assemelha-se ao inconsciente. Além disso, a parte inferior, invisível, dentro da água, é maior do que a parte de fora.

Ao dizer que veio para este mundo a fim de que quem não veja passe a ver, Jesus quer dizer que veio justamente ensinar as pessoas a olharem para os próprios inconscientes, de modo a crescerem emocionalmente, moralmente e espiritualmente.

O ser humano só cresce quando olha de frente para o próprio inconsciente.

O problema é que todos nós temos medo de enfrentá-lo, porque lá reside os aspectos desconhecidos de nosso ser, aspectos que talvez ainda não tenhamos conhecimentos para lidar.

Jesus, psicoterapeuta por excelência, ensinou a encará-lo de frente, sem receio, ao dizer que a fé remove montanhas, que é necessário amar o próximo como a si mesmo e que é necessário conhecer a si mesmo. Porque quem se conhece ama a si próprio, acolhe o seu inconsciente e, com fé, remove as montanhas pesadas que lá se encontram.

Mas Jesus também adverte que muitos fingem ser plenamente conscientes, como os fariseus que fingiam tudo saber, mas que na verdade enganam-se a si próprios, autoboicotando-se, e prejudicando o próximo. Daí o Mestre referir-se ao pecado no sentido de praticar o mal contra o próximo. Não à toa, Jesus, em outra oportunidade, disse que eles eram cegos guiando outros cegos. Em outras palavras, eram inconscientes guiando inconscientes.

Jovem! Conhece-te a ti mesmo. Aproveite essa fase da vida tão cheia de novos conhecimentos, novas experiências, novas oportunidades para olhar para o seu inconsciente, sem medo, sem vergonha de quem você é, sem receio de se descobrir. Essa jornada rumo ao inconsciente é libertadora. Para isso, procure ajuda de um psicoterapeuta, leia e reflita o Evangelho de Jesus, medite e pratique a caridade. Você verá que com essas atitudes o seu inconsciente brilhará cada vez mais.

Vinicius Del Ry Menezes