JESUS E O CARRASCO

Ao dizer que seriam felizes aqueles que sofressem, porque seriam consolados, Jesus não endossou nem por um segundo o papel dos carrascos.

Carrasco é aquele que executa a pena imposta, em geral à morte, por um júri.

Pela lei de causa e efeito, tudo o que fazemos aos outros volta a nós mesmos. Por isso, as provas e expiações: são os efeitos negativos que voltam de acordo com as causas que praticamos.

Essas provas e expiações, em geral altamente aflitivas, desafiam a nossa capacidade de fé, de esperança, de perseverança, mas, por isso mesmo, são capazes de nos impulsionar para frente e fazer com que possamos evoluir.

É na dor que as profundas reflexões são feitas, de modo a alargar a consciência de si próprio e da vida.

Infelizmente, muitos fogem das aflições, por meio do suicídio, das drogas, do crime, ou de outras atitudes mais inconsequentes, gerando novas aflições ainda maiores.

Jesus, ciente dessa dinâmica, incentiva justamente a perseverança e a fé para que a pessoa não caia em novas aflições e ele faz isso dizendo que, se a pessoa aguentar firme, ela será consolada.

E quantas consolações Deus coloca no caminho de quem sofre? São inúmeras, basta olharmos.

Aqui é o professor, orientando.

Ali é o pai, sustentando.

Acolá é a mãe, amparando.

Mais à frente é o amigo, ajudando.

Logo ali é o vizinho, compreendendo.

As consolações se avolumam ao nosso redor.

Mas, infelizmente, tem aquelas pessoas que acreditam que, se a pessoa precisa sofrer, ela não deve ser ajudada. Alguns até mesmo acreditam que devem ajudar nas punições, como forma da pessoa crescer mais rápido! São os carrascos, que se autoproclamam “ajudantes de Deus”!

É o médico que desdenha da dor do paciente.

É o militar que tortura o inimigo indefeso.

É o assistente social que negligencia o próprio trabalho.

É o professor que não se dedica a recuperar as defasagens do aluno.

É o pai que não educa o filho.

É a mãe que compete.

É o amigo que esnoba.

É o líder religioso que não consola.

E ainda acreditam que, ao não interferir nos problemas dos outros, estão ajudando-os a pagarem e expiarem as faltas passadas. Esquecem-se, esses carrascos, que ao fazerem isso, pela lei de causa e efeito, estão gerando futuras provas e expiações para si próprios.

Jovem! Há muitas formas de ser um carrasco da dor alheia: desde o favor não atendido até atitudes de violência formal. Deus não nos colocou como carrascos do outro, mas, sim, como aqueles que podem auxiliar o outro a passarem por suas provas e expiações de forma mais leve. Não à toa, Jesus disse que somos a luz do mundo e o sal da Terra. Somos aqueles que podem aliviar (e às vezes até terminar) com as provas e expiações dos outros. Sejamos o consolo e não os carrascos.

Vinicius Del Ry Menezes