JESUS E A INVEJA
Pilatos observava profundamente Jesus. Ele não compreendia como um homem tão manso e sereno, que praticara tantos atos bondosos, podia ter sido preso pelos sacerdotes e levado para ali, em sua presença. Pilatos perguntou a Jesus:
– Você é o rei dos judeus?
Jesus respondeu:
– É você quem diz.
Pilatos não esperava uma resposta tão profunda quanto aquela. Voltou a interrogá-lo:
– Não responde nada? Viu quantas acusações que te fazem?
Jesus calou-se, para maior espanto e admiração de Pilatos. Afinal, se Jesus fosse culpado, era-lhe dada a chance de defesa. Se fosse inocente, era-lhe dada a chance de prová-la.
Ao se calar, porém, Jesus mostrava que não apenas era inocente, como também não reconhecia aquela farsa da prisão e do julgamento como algo que pudesse levar a sério, de modo que o silêncio era mais gritante do que qualquer palavra dita. Demonstrava, também, que não temia a morte. E apenas um Espírito altamente elevado, e inocente, não temeria a morte naquelas condições.
Essas reflexões passaram rapidamente pela mente de Pilatos.
Pilatos ainda tentou uma última jogada para salvar Jesus. Como era tradição, naquela época do ano era costume libertar do cárcere um prisioneiro a pedido da população.
As opções dadas à população era libertar Jesus ou Barrabás, líder de um grupo de assaltantes que havia cometido um homicídio.
Percebendo a manobra, os sacerdotes inflamaram a população a pedirem a libertação de Barrabás.
E, assim, Pilatos o fez.
O Evangelho de Marcos narra que Pilatos “sabia que por inveja os principais sacerdotes haviam entregado Jesus”.
A inveja que eles sentiam pelo Mestre fez com que eles mentissem, manipulassem, perseguissem e corrompessem a população para matarem Jesus.
Inveja é desejar para si aquilo que o outro possui, não porque aquilo é de fato importante para si, mas por julgar que o outro não o merece.
Por que ele tem, e eu não?
Por que ele pode, e eu não?
Quem é ele para conseguir isso, e eu não?
Eu mereço mais do que ele!
Se ele, que é assim, pode, eu também posso!
A inveja desmerece, rebaixa, avilta o próximo.
Quando não controlada, pode levar ao crime. Quantos roubos, quantos assassinatos, quanta corrupção não são praticados por não se admitir que o outro conquiste algo diferente da maioria?
Quantas inimizades, quantas discussões, quantos rancores, quantas manipulações, quantas puxadas de tapete não ocorrem porque não se admite que o outro tenha aquilo que julgamos deveria ser nosso?
Os sacerdotes não admitiam que aquele homem simples, vindo de uma cidadezinha pobre como Nazaré, pudesse curar e arrebatar multidões, ensinando um simples verbo: amar. Enquanto eles, tão estudados, ricos e poderosos, não conseguiam nem serem respeitados de forma sincera pela população.
Jovem! Jamais inveje alguém. Cada um tem aquilo que é necessário para o seu próprio crescimento moral e espiritual. Se alguém possui aquilo que você gostaria, mas não tem, agradeça a Deus, pois é evidente que você tem muitas coisas que outras pessoas gostariam de ter, mas não possuem.
Vinicius Del Ry Menezes