A MARCA DE GIZ
Eu estava no meio do colegial, quando meu professor de inglês fez uma marca de giz no quadro negro, como se fosse uma vírgula (,), como esta.
Ele perguntou à turma o que era aquilo.
Passados alguns segundos, alguém disse “É uma marca de giz no quadro negro”, o que fez o resto da classe suspirar de alívio, porque o óbvio foi dito, e ninguém tinha mais nada a dizer.
O professor nos disse “Vocês me surpreendem, ontem fiz o mesmo exercício em uma turma do jardim de infância, e eles pensaram umas cinquenta coisas diferentes: um olho de coruja, uma ponta de charuto, o topo de um poste telefônico, uma vírgula, uma pedrinha, um inseto esmagado, um ovo podre, etc… Eles realmente estavam com a imaginação a todo vapor.”
Nos anos que se vão do jardim da infância ao colegial, nós aprendemos a encontrar resposta certa, mas também havíamos perdido a capacidade de procurar outras respostas certas; aprendemos a ser específicos, mas perdemos muito da capacidade imaginativa.
Como bem observou o educador Neil Postman “Quando as crianças vão para a escola, são pontos de interrogação, mas quando saem são frase feita”.
Extraído de Jornal de Barro