JESUS E A EUTANÁSIA

JESUS E A EUTANÁSIA

13/04/2023 Juventude 0

Ao dizer que seriam bem-aventurados os aflitos porque seriam consolados, Jesus não tinha por intenção incentivar as pessoas a procurarem o sofrimento voluntariamente.

Do mesmo modo, não tinha a intenção de abreviá-lo de forma inconsequente.

O objetivo do Mestre era explicar a relação de causa e efeito existente entre a dor e o ato que a motivou.

Infelizmente, duas posturas muito equivocadas foram incentivadas a partir desse ensinamento.

A primeira postura é a de que somente pela dor física é possível evoluir, expiar, progredir. Muitos religiosos martirizam o próprio corpo por meio de práticas violentas, como o uso de cilício, como forma de “elevar” seus espíritos sobre a carne. Ou seja, para eles, a dor física é uma maneira de sufocar os instintos para que o espírito possa se livrar das tentações. Eles não entendem, no entanto, que a tentação provém do espírito, e não do corpo físico.

A segunda postura é a de que o sofrimento deve ser abreviado de qualquer maneira, a qualquer custo. Por isso, muitas pessoas defendem a eutanásia como prática de acabar com a aflição que o doente terminal sofre.

A eutanásia é a prática de antecipar a morte de um paciente que esteja com alguma doença incurável, de modo a livrá-lo do sofrimento. Aparentemente, a eutanásia é uma forma de aliviar a dor. Mas essa é uma leitura equivocada, feita a partir do ponto de vista puramente físico.

As doenças são meios de progresso moral para quem as sofre, uma vez que elas eliminam da alma energias negativas acumuladas pelos erros cometidos durante a encarnação. Além disso, a dor física causada pela doença proporciona que o paciente olhe para dentro de si próprio e abre mais a própria consciência, podendo se conhecer melhor.

Como a maioria das pessoas não estão habituadas a prática da autoanálise, da reflexão, da meditação, da oração, elas têm muitas dificuldades para se conhecerem como realmente são. As doenças abrem as portas da alma para que o paciente possa se ver, se reconhecer, se iluminar.

A eutanásia impede que essa reflexão seja feita, impede que o paciente liberte-se das energias negativas acumuladas na alma, impede que se arrependa nos momentos finais de sua encarnação – arrependimento que irá ajudá-lo a evoluir*.

Como a morte não existe, ao praticar a eutanásia, o espírito, ao desencarnar, se vê vivo no plano espiritual, com as suas dores agravadas, pois não foi possível eliminar de todo as energias negativas, bem como não foi possível realizar as reflexões necessárias em relação à própria vida.

O que era para ser um alívio torna-se mais uma fonte de dor, de desespero, de desencanto.

Portanto, bem-aventurados os aflitos porque serão consolados não é abreviar uma dor de forma a agravá-la, tão pouco promover uma dor consciente que em nada ajudará quem a sofre.

Bem-aventurados os aflitos significa pura e simplesmente que quem sofre, por qualquer motivo que seja, será consolado apenas se entender o propósito daquela dor, porque não há consolo maior do que compreender os ensinamentos que elas trazem embutida.

Jovem! A prática da eutanásia nada tem a ver com liberdade ou consolo. É pura e simplesmente a fuga de um processo de crescimento. E toda vez que fugimos do amadurecimento, a vida o traz de volta de forma mais dolorosa ainda. Por isso, enfrente a sua dor por meio da meditação, da oração, da autorreflexão e você será consolado.

Vinicius Del Ry Menezes

*Sugere-se a leitura do capítulo V, Bem-aventurados os aflitos, do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, para aprofundamento dessa questão.