REDESENHANDO O BRASIL

O Brasil sempre foi alvo de muitas esperanças, é o “Coração do Mundo, a Pátria do Evangelho”. O grande problema é que nós, Brasileiros, nunca demonstramos grande empenho para alcançarmos estes títulos.

Boa parte dos trabalhos de ciência política no Brasil traz uma característica marcante: a constatação de que nossa sociedade é dependente do Estado, a esperar que esse paternalismo nos sustente com tantas bolsas quanto possível. Notoriamente, os brasileiros não têm apego a valores como democracia, liberdade, e igualdade. Não tem tradição, de reivindicação de direitos, tão pouco de cumprimento de deveres éticos, já que os usamos fartamente o famoso “Jeitinho Brasileiro”.

Logo após a segunda guerra mundial, dois homens almoçavam em um restaurante londrino. A carne estava racionada, cada cliente só podia comer um bife. Um cliente, brasileiro, após saborear o seu, pediu outro ao garçom, este lhe disse que não poderia atendê-lo em função da restrição vigente, o brasileiro sorriu e com superioridade disse, “Norma ingênua, posso entrar em outro restaurante e comer mais um bife”. O garçom, imperturbável, respondeu “sem dúvida, o senhor pode fazer isso. Um inglês não o faria”. Este é um trecho de um conto de Richard Simonetti.

Neste passo, reconhecemos que a Sociedade Brasileira é uma das responsáveis pelos males que a atinge, parafraseando um adágio popular “cada povo tem o governo que merece”, somos um país que ainda não se conscientizou de que depende da própria sociedade a resolução de muitos problemas dos quais o Estado não consegue dar conta. O Brasil só será A Pátria do Evangelho, quando der os primeiros passos na construção de uma sociedade realmente democrática, justa e fraterna, quando enfim percebermos que nós próprios a integramos.

Vemos diariamente pessoas apressadas e preocupadas com seu cotidiano, vivendo como se a vida delas fosse uma coisa e os acontecimentos sociais fossem de outra realidade. Isto e uma absoluta falta de comunicação entre o indivíduo e a sociedade. E o que o espiritismo tem a ver com isso? O espírita tem em suas mãos instrumentos poderosos de participação e transformação da sociedade brasileira. Podemos, no mínimo, mudarmos a mentalidade de seus adeptos, isto porque princípios cristãos nos falam da divisão dos bens materiais e afetivos para a prática da verdadeira caridade ao próximo, e isto se trata de prática política, por isso devemos nos instruir para que juntos alcancemos o progresso, deixando-nos de ser alienados no seio da sociedade em que vivemos. Para isto coloquem em ação suas vontades de mudar.

Extraído do Jornal Universo Espírita, com modificações.

Linda de Fátima