PRECONCEITO
Ter preconceitos é assimilar as coisas com julgamento pré-estabelecido fundamentado na opinião dos outros, Estes são raízes de nossa infelicidade e sofrimentos neuróticos, pois deterioram nossa visão de vida, como uma lasca que inflama a área do nosso corpo em que se aloja.
Já conceito é tudo que tivemos de experiência registrada, assim, tudo que nos ensinam e não vivemos é preconceito.
À medida que adquirimos cultura, começamos a compreender o mundo de acordo com os conceitos, modelos e parâmetros contidos nesse aprendizado, o que nos faz começar a compreender por que nos comportamos dessa ou daquela maneira.
Quando qualquer pessoa seja ela, um executivo, pai, mãe, professor, vêem o mundo através dos preconceitos contidos na sua memória, isto cria uma ditadura sem que tenhamos consciência disso. Dessa maneira violamos os direitos dos outros e amarramos nossos desempenhos intelectuais e também ferimos nossas próprias emoções e sentimentos.
Tornamo-nos radicais sempre nos punindo e exigindo de nós mesmos um perfeccionismo inatingível. É preciso que comecemos a pensar a respeito de tudo que nos ensinaram e aplicarmos a dúvida, e a crítica para que não nos tornemos autoritários, agressivos, violentando os direitos dos outros e os nossos próprios.
Perguntemos: – Porque o nosso pensamento é tão radical e inquestionável? Porque nos comportamos como semideuses? Porque pensamos como ser absoluto que não duvida do que pensamos e que não se recicla? Lembrando ainda que o preconceito individual só se amplia e se torna um preconceito social e até um paradigma (modelo) coletivo.
Diz Hammed no Livro Renovando Atitudes, que o indivíduo atinge um bom nível ético quando pensa por si mesmo em termos gerais e críticos; quando dirige sua conduta conforme julgar correto, demonstrando, assim, uma independência interior, quando é capaz de definir o bem e o mal, sem seguir fórmulas sociais, isto é, quando não forem escravos de suas crenças inconscientes, porque fez e faz constantemente um exercício de autoconhecimento.
Lembremo-nos que nossos preconceitos impedem nosso crescimento espiritual, e que Jesus era uma pessoa tolerante e sem preconceitos, que conseguia compreender e valorizar o ser humano, independentemente de sua moralidade, de seus erros, de sua história. Ninguém era indigno de se relacionar com ele, por isso vivenciemos o seu exemplo como uma alma superior que tem sistema de valores próprios capazes de avaliar cada criatura, ato e atitude, em seu senso interior, sentimentos e intuições, porque cada situação é sempre nova, cada pessoa é sempre um mundo à parte.
Perguntemo-nos: – Como estamos vendo a religião? Porque nos sentimos donos da verdade e, portanto eleitos pelo povo? A religião irá nos salvar? A religião nos mantém equilibrados e com fé raciocinada? Como estamos vendo o casamento? Estamos com alguém que amamos e aceitamos? Respeitamos a maneira de ser de nossos parceiros? Como vemos o sexo, a infância, a juventude, a nação, a política, etc…? Como estamos vendo Deus? Será ele um Deus punitivo que dá privilégios a uns e faz barganhas com outros? Ou esse Deus é amoroso e que nos faz acreditar que somos seus filhos amados e, portanto uma centelha de divina.
Tais ideias e respeito a todos esses questionamentos devem ser tomados por nós mesmos, pois é hora de reciclarmos, de elaborarmos nossos próprios pensamentos para sairmos da ditadura da inteligência e ampliarmos nossos conhecimentos para que possamos sair do preconceito e atingirmos nosso crescimento espiritual.
Adaptação de Texto de Marta Lopes
Revista Literária Espírita Delphos