JESUS E OS SEUS DEVERES

JESUS E OS SEUS DEVERES

02/07/2020 Juventude 0

E Jesus continuava em meio à confusão no templo causada pelos fariseus que não aceitavam o fato dele ter curado um cego no dia de sábado. Embora o Mestre tivesse explicado que “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” como forma de ensiná-los sobre o direito à vida, os fariseus não conseguiam compreendê-lo.

Eles não entendiam esse conceito porque o único dever que eles seguiam à risca eram os rituais exteriores criados como forma de adoração divina. Eles não entendiam que aqueles cultos em nada respeitavam a vida uns dos outros. Por isso que Jesus certa vez disse: “não é o que entra pela boca que faz mal ao homem, mas sim o que sai dela”.

Para que um ser humano tenha vida e vida em abundância, ele precisa seguir um único dever ensinado por Jesus: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

É necessário entender a palavra amar, que não é no sentido sexual e tampouco no sentido de relacionamento entre casal, mas sim no sentido de respeito, devoção, dar-se bem com algo ou alguém.

Esse dever precisa ser compreendido em suas três partes.

Amar a Deus sobre todas as coisas significa que é necessário que cada ser humano tenha devoção ao Pai Maior no sentido de respeitar-lhe a sua obra e colocar-se no seu devido lugar: como seu filho. Um verdadeiro filho sabe que não pode tudo e respeita a casa de seu pai, suas leis e suas regras.

Mas nós, seres ainda imperfeitos, negamos a existência de um Deus soberanamente justo e bom, somos incapazes de respeitarmos a natureza que nos sustenta a vida e violamos as leis de respeito ao próximo por sermos incapazes de nos reconhecermos como irmãos. Como filhos rebeldes, negamos nosso pai, nos rebelamos contra suas regras e ainda o culpamos pela consequência de nossos próprios atos.

Amar o próximo significa dar-se bem com outras pessoas. Afinal, se todos somos filhos de Deus, somos irmãos por consequência. Amar o próximo significa fazer por ele tudo o que gostaríamos que ele fizesse por nós. Assim, a caridade é a grande atitude que revela o amor de uma pessoa para com a outra, já que, ao praticá-la, o devotamento, a benevolência e a indulgência promovem a paz, a justiça e a união de pessoa a pessoa, de cidade a cidade, de país a país.

Mas nós, seres ainda imperfeitos, somos egoístas ao extremo, querendo que o outro faça para nós aquilo que nós não estamos dispostos a fazer pelo outro. Ou seja, queremos ser respeitados, sem respeitar; queremos ser perdoados, sem desculpar; queremos ser amados, sem amar; queremos ser consolados, sem consolar. Agimos por nós e só para nós, esquecendo-nos que o nosso próximo possui as mesmas dores, inseguranças, anseios, desejos e sonhos. Agindo de forma contrária à caridade, promovemos brigas, discussões, mágoas, rancores que, às vezes, levam à violência de pessoa a pessoa, cidade a cidade, de país a país.

Amar a si mesmo significa ser pleno com quem se é. Significa aceitar-se como filho de Deus em vias de crescimento. Significa aceitar que ainda não sabemos tudo e não podemos tudo. Significa reconhecer as nossas inúmeras qualidades e nossos diversos defeitos, sem máscaras. Significa alegrar-se com as diversas possibilidades de crescimento espiritual que nosso Pai nos dá todos os dias, mesmo que esse crescimento venha envolto em dor.

Mas nós, seres ainda imperfeitos, deixamos o orgulho nos cegar, acreditando que tudo sabemos e tudo podemos. Exageramos as nossas qualidades e negamos os nossos defeitos. Fingimos ser pessoas que não somos. Abafamos os gritos de nossa consciência com medo de sermos julgados pelos outros sem perceber que, na verdade, o medo é do nosso próprio julgamento para com nós mesmos. Agindo de forma contrária ao que dita a nossa consciência, nos desvalorizamos, vivemos uma vida que não é a nossa, não nos respeitamos e, por consequência, passamos a não respeitar o próximo porque, inconscientemente e de forma egoísta, queremos que ele também não seja feliz, como nós não somos.

Quem ama si mesmo, reconhece-se no próximo, por isso, passa a respeitá-lo e, assim, devota-se a Deus.

Jesus, mais do que ninguém, conhecia essa dinâmica. Naquela confusão no templo, ao curar o cego no dia de sábado, ele deixou muito claro, por sua atitude e palavras, que o direito à vida é garantido pela prática do amor.

Jovem! Quem ama, vive. Quem cumpre o seu dever de amar, tem o seu direito à vida garantido. Ame-se do jeito que você é. Respeite o próximo por quem ele é. Assim, como um bom filho, você cumprirá todas as leis de nosso Pai. O dia que cada ser humano assim fizer, o mundo se tornará um lugar melhor.

Vinicius Del Ry Menezes