JESUS E OS ATEUS

Jesus nunca disse que fora da religião não haveria salvação, ou que fora da igreja não haveria salvação, ou que fora do templo não haveria salvação.

Jesus, em momento nenhum, colocou a religião como o núcleo de sua doutrina. Ele colocou o amor como centro, porque o amor pode ser praticado por qualquer pessoa, independente da religião professada.

Tanto é verdade que, naquela tarde, ao pregar, um Doutor da Lei, profundo religioso conhecedor dos textos sagrados, levantou-se e perguntou a Jesus:

– Mestre, o que eu preciso fazer para possuir a vida eterna?

– O que está escrito na Lei? – perguntou Jesus.

O Doutor da Lei respondeu:

– Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a sua alma, com todas as suas forças e de todo o seu espírito, e a seu próximo como a ti mesmo.

– Respondeu muito bem – disse Jesus. – Faça isso e viverás.

Mas o Doutor da Lei, querendo sobrepor-se a Jesus, perguntou, maliciosamente:

– Quem é o meu próximo?

Se Jesus respondesse que o próximo eram os judeus, ele endossaria que a religião era o único caminho para o crescimento espiritual.

Por isso, Jesus narrou a seguinte parábola:

– Um homem, que ia de Jerusalém para Jericó, foi assaltado e espancado por ladrões, que o deixaram semimorto, no meio da estrada. Em seguida, um sacerdote, indo pelo mesmo caminho, o viu e passou longe. Um levita, também passando pela estrada, o viu e passou longe. Mas um samaritano, ao passar por ele, foi tocado de compaixão. Aproximou-se dele, higienizou e enfaixou as feridas, colocou-o no seu cavalo e levou-o a uma hospedaria, velando-o durante toda a noite. No dia seguinte, pegou duas moedas e as deu ao hospedeiro, pedindo para que ele tratasse bem o homem, e que, ao regressar, pagaria os novos gastos.

E para concluir, Jesus perguntou ao Doutor da Lei:

– Qual desses três homens parece ter sido o próximo daquele que foi assaltado?

– Aquele que usou da misericórdia para com ele – respondeu o Doutor da Lei.

– Então, vá e faça o mesmo – arrematou Jesus.

Doutores da Lei, Sacerdotes, Levitas eram cargos religiosos semelhantes aos que as diversas religiões possuem atualmente. E hoje, como naquela época, todos os religiosos se gabam por possuírem a “entrada no reino de Deus” apenas por serem religiosos.

Os Samaritanos eram considerados um povo herético, do mesmo modo que hoje os ateus o são. Mas o Samaritano da parábola de Jesus foi o único que realmente agiu de acordo com as leis sagradas. E Jesus endossou a atitude dele.

Isso prova que não basta frequentar uma religião se a prática dela não está em nosso dia a dia.

Há muitos ateus, agnósticos e descrentes mais caridosos, amorosos e trabalhadores no bem do que muitos religiosos que frequentam cultos semanais e que passam longe de uma atitude sincera de ajuda ao próximo.

Jovem! Não é porque você é religioso que todos devam ser. A verdadeira religião está na prática do bem ao próximo. E para praticar o bem ao próximo não é necessário frequentar culto nenhum. Na verdade, onde há a pratica do bem de forma desinteressada, aí há o verdadeiro culto religioso: a adoração a Deus por meio da ajuda ao próximo.

Vinicius Del Ry Menezes