JESUS E OS ANIMAIS

JESUS E OS ANIMAIS

06/08/2020 Juventude 0

Jesus amava os animais. Aos oito anos de idade, uma das brincadeiras que mais agradava a Jesus era jogar gravetos para que os cachorros fossem pegá-los. Jogava, os cachorros corriam, agarravam o graveto com a boca e voltavam, abanando os rabinhos, para devolvê-lo a Jesus, que tornava a jogá-los. Passavam as tardes livres nessa brincadeira.

Jesus contemplava as aves que voavam nos céus, correndo de braços abertos, imitando os seus movimentos. Escovava os pelos dos jumentos dos viajantes que passavam por Nazaré para deixá-los mais bonitos. Agradecia às abelhas pelos favos de mel que adorava comer. Observava as ovelhas sendo pastoreadas nos montes, preparando-se para as grandes parábolas que contaria.

Certa vez, retirou uma cobra do meio da estrada, levando-a para o meio do mato, porque ela quase foi atropelada por uma caravana de viajores.

Quando via algum dos meninos da cidade atirando pedras em pássaros, ou amarrando objetos pesados nos rabos dos cachorros, ou até mesmo matando cobras pelo simples prazer de matar, Jesus corria para impedi-los.

“Os animais são como irmãos menores, que precisam de nossa proteção”, dizia. E os garotos se afastavam, achando que Jesus era uma criança muito estranha.

Os próprios animais passaram a reconhecê-lo como um protetor.

Os cachorros se aconchegavam em seu colo nas tardes quentes em que ele se sentava para descansar na soleira da porta da carpintaria de José. Os pássaros dançavam sobre a sua cabeça, acompanhando-o, enquanto ele ia ao lago buscar água para a mãe Maria.

O amor entre eles era recíproco.

Em uma tarde quente de verão, Jesus ajudava José na carpintaria, organizando as ferramentas para facilitar o serviço do pai.

De repente, Jesus parou. Percebeu que havia algo de errado. Fechou os olhos, concentrou-se e elevou o seu pensamento em uma oração a Deus.

– Pai – disse Jesus para José, ao término da oração – o senhor me dá licença?

– Claro, filho. – respondeu José, já acostumado com essa atitude de Jesus.

Jesus partiu da carpintaria e, embaixo de um sol forte, correu, atravessando a cidade em direção ao lado mais afastado, onde havia uma pequena floresta.

Adentrou correndo, abrindo caminho por entre a vegetação e, intimamente, desculpando-se com as plantas por estar tão afoito, a ponto de pisá-las de forma tão descuidada.

De repente, avistou o problema que pressentira.

Uma das cachorras com os quais costumava brincar, uma cadelinha pretinha de focinho longo, tentava desesperadamente cavar um buraco. Ao avistar Jesus, ela correu em direção a ele, mordeu sua túnica e o puxou para onde estava o problema.

Jesus se aproximou e viu que, na verdade, ela tentava ampliar um buraco no qual o seu filhotinha havia caído.

Com as mãos, Jesus ampliou a saída do buraco e, enfiando seu braço nele, conseguiu resgatar o filhotinho de lá de dentro. Felicidade geral. A cadelinha pulava e lambia o filhote e Jesus, tudo ao mesmo tempo, naquela agitação típica de cachorro feliz ao ver o dono. Os três rolaram pela relva da floresta.

Ao voltarem para a cidade, a cadelinha e o seu filhote se aproximaram de Jesus e com suas cabecinhas fizeram um último carinho nele. Jesus olhou nos olhos deles e pôde ver a gratidão e o amor que exalavam daqueles dois pequenos animais.

Jovem! Jesus sabia que entre nós e os animais há uma relação de dependência, trabalho e respeito. Não é à toa que nos comparou a ovelhas. Não é à toa que pediu que olhássemos as aves do céu. Não é à toa que somente quando entrou em Jerusalém, sabendo que seria morto, montou em um jumento pela primeira vez. Não é à toa que ele mesmo foi comparado a um cordeiro. Quando Jesus nos diz para amar o próximo, ele inclui aí os animais.

Vinicius Del Ry Menezes