JESUS E O PERDÃO

JESUS E O PERDÃO

05/05/2022 Juventude 0

O apóstolo Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou:

– Mestre, quantas vezes perdoarei a meu irmão quando ele houver pecado contra mim? Até sete vezes?

Calmamente, Jesus respondeu-lhe:

– Não digo que perdoe até sete vezes, mas até setenta vezes sete.

Essa passagem do evangelho deve ser estudada em maior profundidade.

Ao contrário do que muitos pensam, e que é amplamente difundido, perdoar não é esquecer por completo a ofensa que foi realizada.

O cérebro humano tem uma ampla capacidade de guardar fatos e situações que ocorrem conosco, formando as nossas memórias. Embora não seja possível acessarmos todas as nossas memórias, elas estão lá.

As memórias que mais temos acesso são aquelas de fatos ocorridos conosco em que houve uma grande emoção envolvida. Por isso, as lembranças mais vivas são aquelas de fatos em que houve uma grande carga de emoção no momento do ocorrido. Por isso, lembramos de fatos extremamente prazerosos que nos tenham acontecido, do mesmo modo que lembramos de fatos altamente doloridos que tenhamos sofrido.

Em geral, as lembranças voltam a nossa mente produzindo a emoção correspondente ao fato ocorrido. Lembranças boas nos causam alegria. Lembranças más nos causam tristeza. A ponto do corpo físico voltar a ter as mesmas sensações daquele momento.

A ofensa produz uma alta carga emocional negativa em nós, por isso é difícil de esquecê-la. Toda vez que nos lembramos do fato, essa carga volta, a ponto de sentirmos novamente a ofensa, como se ela tivesse ocorrido naquele momento.

O perdão é ressignificar a emoção negativa de modo que ao nos lembrarmos da ofensa sofrida a carga dramática não nos cause tristeza, rancor, ressentimento, despeito, desejo de vingança.

O perdão, portanto, não é esquecer a ofensa, mas abandonar os sentimentos negativos que ela produz.

Para que isso ocorra, algumas atitudes são necessárias.

É necessário entender que ainda nos ofendemos com as outras pessoas porque ainda somos muito suscetíveis, muito sensíveis por causa de nosso orgulho elevado que não admite a menor contrariedade. Ou seja, é necessário que sejamos mais humildes.

É necessário entender que nós também ofendemos os outros com as nossas atitudes, com a nossa forma de pensar, de falar, de agir. Ou seja, em geral nos ofendemos com ofensas que também praticamos aos outros.

É necessário entender que aquele que nos ofende também é filho de Deus, nosso irmão, e que, se tanto ele como nós ofendemos, devemos perdoar para sermos perdoados.

É necessário entender que os sentimentos de vingança, de rancor e de ressentimento fazem mal para o nosso próprio corpo físico, gerando diversos tipos de doenças, como o câncer, por exemplo.

É necessário entender que se nos vingarmos de fato, assumiremos consequências negativas que atrasarão ainda mais a nossa evolução, além de abrir portas para futuras obsessões espirituais.

É necessário entender que a indulgência deve ser a meta a ser alcançada, de modo que não teremos mais os sentimentos negativos em nosso ser, a ponto de conseguirmos até ajudar o irmão que nos ofendeu.

Perdoar setenta vezes sete é justamente entender que o perdão deve ser continuamente exercitado, trabalhado, incentivado.

Jovem! Perdão não é um sentimento mágico que surge do nada. Perdão é trabalhar para se libertar dos sentimentos negativos. É trabalhar para ressignificar os fatos ocorridos. É fugir da vingança. É ser misericordioso para obter a misericórdia necessária. Não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete. E se preciso for, mais setenta vezes sete. Até conseguirmos.

Vinicius Del Ry Menezes