JESUS E AS PEQUENAS COISAS

Jesus levantou uma questão muito interessante, narrada no Evangelho escrito por Lucas: pois se vocês nem podem ainda fazerem as coisas mínimas, por que estão ansiosos pelas maiores?

A pergunta nos leva à seguinte reflexão: por que nos preocupamos com os grandes trabalhos universais, se ainda não somos capazes nem de agirmos nas pequenas coisas que nos cercam?

Em outras palavras: como queremos mudar o mundo para melhor, se ainda não somos capazes de melhorarmos aquilo que está ao nosso redor?

A essência dessa questão nos leva a outras na mesma linha.

Como querer a paz mundial, se não temos paz em nossa própria consciência?

Como querer a fraternidade entre os povos, se não somos fraternos com os nossos amigos?

Como querer a justiça social, se somos injustos com a nossa própria família?

Como querer uma renda universal, se somos egoístas naquilo que nos sobra?

Como querer a felicidade eterna, se cultivamos a tristeza diária?

Como querer o amor, se odiamos?

Como querer as grandes mudanças, se não fazemos as mínimas alterações em nossa rotina diária, seja no campo social, emocional ou profissional?

Toda mudança, por menor que seja, exige esforço.

Nem todos estão, de fato, dispostos a se esforçarem para mudar as pequenas coisas que podem ser mudadas em seu dia a dia.

Por isso, as situações que deveriam ser mudadas para melhor, tornam-se pesadas, difíceis, com uma carga energética densa, que causa incômodo.

Esse incômodo, quanto mais se acumula, mais gera ansiedade.

E a ansiedade, para ser liberada, se torna planos mirabolantes, grandes, impossíveis de serem atingidos.

No fundo, essa megalomania em promovermos grandes e profundas mudanças globais é uma fuga inconsciente para não mudarmos aquilo que pode ser mudado em nós: a nossa forma de pensar, de agir, de falar, de estudar, de trabalhar, de viver.

A mudança do mundo passa, necessariamente, pela mudança das “pequenas coisas” que estão ao nosso alcance.

Podemos mudar a educação no mundo ao ensinarmos o alfabeto a uma criança carente.

Podemos mudar a saúde mundial ao nos voluntariarmos em algum hospital.

Podemos mudar a injustiça ao cedermos as nossas regalias em benefício de quem não tem o básico.

Podemos mudar a violência ao pararmos de lhe dar audiência.

Podemos mudar o mundo ao mudarmos os nossos pensamentos, sentimentos e ações.

Infelizmente, não valorizamos essas pequenas coisas.

Valorizamos as grandes ações, os grandes feitos, os “heróis” que são destaque na mídia.

Herói é quem muda o que pode ser mudado em seu entorno.

Quem fica ansioso pelas coisas grandes e nada faz, não pode ser considerado um herói.

Jovem! Todas as mudanças exteriores do mundo passam pela mudança do nosso mundo interior. Quanto mais nos tornarmos pessoas melhores, mais humildes, caridosas e bondosas, mais o mundo se tornará aquilo que tanto desejamos. Mas, para isso, é necessário que todos os dias pratiquemos as mudanças nas “pequenas coisas” da vida que nos cerca.

Vinicius Del Ry Menezes