JESUS E AS DORES OCULTAS

JESUS E AS DORES OCULTAS

22/02/2024 Juventude 0

Para todos os lados que Jesus olhava, ele via as dores ocultas na alma das pessoas que, aparentemente, nada sofriam.

Ali, um doutor da lei, profundamente conhecedor das escrituras sagradas, mas atormentado por dúvidas íntimas sobre a imortalidade do espírito.

Lá, um soldado romano, forte e robusto, mas de alma vacilante frente aos inúmeros desafios morais que a vida lhe impunha.

Mais à frente, um comerciante rico, de vida confortável, mas tão apegado aos bens materiais que o medo de os perder roubou-lhe a alegria de possui-los.

Acolá, uma linda mulher, jovem e saudável, atormentada por sentir-se envelhecer.

Logo ali, um jovem, de família respeitável, lutando intimamente para não ceder aos apelos sensuais da juventude mal dirigida.

Do outro lado, um idoso, ainda ágil e saudável, mas sentindo-se velho, cansado de viver, a ponto de pensar em desistir de tudo.

Em outro canto, um estrangeiro, bem-vindo por aqueles que o cercavam, mas destilando preconceitos e julgamentos no pensamento irônico.

Mais recuado, uma mãe, segurando um lindo filho amoroso, envergonhando-se do ódio que aquela criança lhe inspirava.

Por ali, um pai, cuja filha lhe obedecia em tudo, atormentando-se pela vergonha que ela talvez, um dia, pudesse lhe causar.

Ao lado, um vendedor, gentil e educado, ocultando a ganância com que enganava o seu cliente.

Próximo, um adolescente, bem-educado e instruído, rebelando-se intimamente contra os sacrifícios que seu pai fizera por ele.

Porém, bem ali no meio daquela multidão intimamente sofrida, embora o exterior demonstrasse altivez, havia uma frágil criança.

Uma frágil criança, esquelética, pobre, asmática, transbordando de felicidade por estar ali, no meio da rua, vendo e vivendo tantas coisas novas e interessantes.

Seu coração puro, leve, eufórico, guiava seus passos em meio à multidão.

Andava tão rápida, tão encantada, que seu pai, humilde pescador, mal conseguia acompanhá-la.

No seu íntimo, o pai temia perder a criança naquele meio e, por isso, puxou-a pelo braço e segurou-a no colo.

Jesus sorriu ante a pureza da cena.

O Mestre virou-se para os seus discípulos e disse:

– Que os seus corações não se perturbem.

Jovem! Hoje, nossos corações e almas vivem perturbados, angustiados, o que tem nos levado a inúmeras dores morais, escondidas bem fundo em nossas almas. Infelizmente, carregamos tristezas, decepções, amarguras, medos, ansiedades, pensamentos repetitivos, ódios gratuitos, ressentimentos porque ainda não conseguimos manter a calma e a serenidade diante das situações da vida. Mas é necessário resgatar a leveza e alegria infantil, que se encanta com a vida. Jesus compreendia isso muito bem. Por isso, ele não deixava seu coração perturbar-se por nada.

Vinicius Del Ry Menezes