JESUS E A TRISTEZA
O evangelho escrito por João narra que, após Jesus revelar que seria preso dentro em breve, os apóstolos se encheram de tristeza.
Percebendo a emoção tomando conta de seus discípulos, o Mestre disse:
– Em verdade, em verdade, lhes digo que vocês chorarão e se lamentarão, mas o mundo se alegrará.
Jesus se referia à alegria que os líderes políticos e religiosos sentiriam ao vê-lo morto.
O Mestre continuou:
– Vocês ficarão tristes, porém as suas tristezas se converterão em alegria.
Os discípulos demonstraram não entender o que Jesus dissera. Como assim uma tristeza se tornar alegria? Como poderia de algo tão ruim surgir uma alegria tão boa?
Percebendo as íntimas reflexões que os discípulos pensavam, Jesus ilustrou o ensinamento, dizendo o seguinte:
– A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque é chegada a sua hora. Mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pela alegria de haver nascido uma pessoa no mundo.
Embora os discípulos tivessem entendido a lição, o Mestre sentiu a necessidade de fixá-la ainda mais, por isso finalizou o ensinamento, dizendo o seguinte:
– Agora, na verdade, vocês também têm tristeza. Mas eu vou tornar a vê-los, e os seus corações se alegrarão e ninguém irá tirar essa alegria de vocês.
Jesus, nessa passagem tão dramática de sua vida, prestes a ser preso e morto, demonstra uma profunda fé na vida futura, a ponto de dar as últimas orientações aos discípulos antes da sua prisão.
Mas, nas entrelinhas, também fica subentendida a alegria que o próprio Mestre sentirá ao reencontrar os seus discípulos dentro em breve.
Em situações muito menos densas e dramáticas, que em nada envolvem a morte, nos deixamos abater pela emoção da tristeza, do mesmo modo que os discípulos se deixaram.
Jesus compreendia que a tristeza, seja ela qual for, é passageira.
A tristeza surge, em geral, por situações aflitivas que vivemos, ou por contrariedades que sofremos, ou até mesmo por influência do meio e das pessoas que nos cercam.
O problema é que nos apegamos a esse estado melancólico e, muitas vezes, nos afundamos nele, pois acreditamos que a situação em que nos encontramos é eterna.
Jesus ia ser morto em poucas horas. Mas ele sabia que três dias depois voltaria, em espírito, para continuar as suas lições aos discípulos.
Por isso o Mestre usa a figura da mulher dando à luz: no momento do parto a dor é grande e parece eterna, mas quando o bebê nasce, a alegria que surge é muito maior do que a tristeza que acaba.
Precisamos compreender que a tristeza é uma emoção que passa e que é o prenúncio de grandes alegrias, para quem sabe esperar com fé e trabalhando no bem, porque a melhor forma de sair da melancolia é agir, de forma serena, em busca da felicidade.
Jovem! Reconheça a tristeza que você sente, mas não se apegue a ela. Permita-se senti-la, mas não aceite vivê-la por mais tempo do que o tempo necessário. Procure aprender a lição que ela lhe traz para que você possa, a partir dessa lição, mudar de atitude, de pensamento, de sentimento e agir no bem, tanto seu, quanto de todos que o cercam. E dessa ação no bem, com o tempo, a tristeza se converterá em alegria. Foi assim com os discípulos. Foi assim com Jesus. Será assim com você.
Vinicius Del Ry Menezes