JESUS E A INOCÊNCIA

Durante uma de suas pregações, Jesus dialogou com os fariseus do seguinte modo:

– Vim a este mundo – disse Jesus – para exercer um juízo, a fim de que os que não veem, passem a ver, e os que veem se tornem cegos.

Os fariseus, ante o orgulho que sentiam por conhecerem as escrituras de cor e salteado, perguntaram:

– Nós também somos cegos?

Jesus lhes respondeu:

– Se vocês fossem cegos, não teriam pecados. Mas, agora, vocês dizem que veem e é por isso que em vocês permanece os seus pecados.

Aparentemente, esse diálogo não faz muito sentido. No entanto, ao ser analisado sob a ótica metafórica, há um profundo ensinamento aqui.

Quando uma criança está aprendendo a andar, ela tropeça, cai, levanta, bambeia, engatinha, pisa no pé das pessoas, se segura como pode nos objetos em torno.

A criança age assim porque ainda não aprendeu a andar com desenvoltura.

Um adulto que tenha seu pé pisado por uma criança não fica ofendido com ela por isso. Ao contrário, estende o braço e ajuda-a a se equilibrar e andar com as próprias pernas. Tampouco, a criança é punida por tal ato.

No entanto, um adulto que pise no pé de outro não pode alegar inocência, uma vez que já sabe andar com desenvoltura. Pode alegar ter feito isso sem o propósito de machucar o outro, mas, ainda assim, o outro se sentirá incomodado com tal ocorrência.

Em outras palavras, quando uma pessoa erra por não ter conhecimento, esse erro é perfeitamente justificável, ao contrário de quem conhece o acerto e age de forma errada.

Quem age de forma errada sabendo qual é a forma certa, age de forma maldosa. Por isso, não basta a educação corretiva, é necessária a punição corretiva.

E é isso que Jesus tentava ensinar aos fariseus.

Eles, os fariseus, por muito conhecerem dos textos sagrados, não podiam alegar ignorância sobre as verdades espirituais e não tinham justificativa nenhuma para as atitudes imorais a que se submetiam. Não podiam se fazer de inocentes. Por isso, seriam punidos de forma corretiva, por isso “permaneceriam em seus pecados”.

Ao contrário, as prostitutas, os obsediados, os ladrões, os traficantes, os corruptos, por não conhecerem as verdades espirituais, seriam aqueles a quem Jesus abriria os olhos, seriam aqueles a quem o Mestre ensinaria e curaria. Por isso, seriam educados de forma corretiva.

Os fariseus assemelhavam-se aos adultos desleixados que pisam no pé dos outros.

As prostitutas, os obsediados, os ladrões, os traficantes, os corruptos assemelhavam-se às crianças que ainda estavam aprendendo a andar. E Jesus veio para lhes estender os braços e ajudá-los a se equilibrarem moralmente.

Jovem! Você que já conhece o Evangelho de Jesus não pode alegar inocência sobre a moral evangélica, em especial em dois pontos básicos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Você que já teve os olhos abertos pelo Mestre pode ajudar outras pessoas que ainda estão cegas para as verdades espirituais. Estenda sem braço, ajude-as a caminharem, abra os olhos dela. O Mestre conta com a sua ajuda.

Vinicius Del Ry Menezes