JESUS E A FÉ CEGA

JESUS E A FÉ CEGA

22/04/2021 Juventude 0

A fé é um dos ensinamentos de Jesus mais mal compreendidos.

O que Jesus ensinou relacionado à fé foi confundido com um misticismo contemplativo e irracional. Ao contrário do que se pensa, fé não é uma crença passiva em algo sobrenatural, a crença de que um ser superior vai resolver todos os nossos problemas num piscar de olhos.

Fé é a certeza na realização de algo. Essa certeza decorre de um conhecimento prévio naquilo que se deseja realizar. Como em um vestibular em que o vestibulando tem fé de que passará porque estudou o suficiente para tal e, no dia da prova, por mais ansioso que esteja, mantem-se calmo e confiante em si. O vestibulando faz a sua parte, confiante, com fé. Cedo ou tarde os resultados aparecem.

Por isso, a fé verdadeira é racional. Acredita-se na própria capacidade porque se sabe do que é capaz.

Desse modo, a fé cega é um contrassenso. Como ter fé em algo que não se entende? Como acreditar em algo que não se compreende? Se bastasse ter fé em um ser superior, o mundo inteiro já seria um paraíso.

Em todos os ensinamentos relacionados à fé, Jesus deixa claro que ela precisa ser racional e ativa. A fé racional leva à ação, porque quem acredita, age de forma planejada. A fé cega leva à inércia, porque a pessoa espera. Tem pessoas que estão a vida inteira esperando.

Jesus deixou muito claro isso na parábola do grão de mostarda ao dizer que:

– O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e lançou no seu campo; o qual grão é na verdade, a menor de todas as sementes, mas depois de crescida é a maior das hortaliças e faz-se árvore, de tal modo que as aves do céu vêm pousar nos seus ramos.

Ao comparar a fé a uma semente de mostarda, o Mestre ensina que, para que esse grão cresça e gere uma árvore útil, deve ser plantado, ou seja, alguém deve tomar alguma atitude. E para que seja plantado corretamente, a pessoa que o faz, deve conhecer como se planta um grão de mostarda.

O mesmo se dá com a fé em Deus. Para tê-la é preciso agir baseado na compreensão dos fatos. Por isso Kardec, no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, escreveu que “só é inabalável a fé que pode enfrentar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade”.

A fé cega assemelha-se ao agricultor que espera a semente germinar sem plantá-la.

A fé racional assemelha-se ao agricultor que planta a semente de acordo com as técnicas corretas de plantio e aguarda o momento certo de colher os frutos.

A maioria das religiões pregam a fé cega na divindade, como se fosse possível terceirizar a solução dos problemas para Deus.

Deus, por meio dos espíritos elevados, nos auxiliará na mesma proporção em que nós nos auxiliarmos. A fé racional em Deus nos mostra que Ele, a energia criativa e criadora da vida, nos criou para evoluirmos, por meio das sucessivas reencarnações como forma de aprendizagem, de modo que possamos nos tornar, um dia, tão puros quanto Jesus Cristo.

Ao estudarmos essa dinâmica e compreendermos todas as implicações científicas, filosóficas e religiosas desses postulados, a fé em Deus e em nós mesmos faz com que cada um de nós assuma a responsabilidade pela sua própria vida, de forma humilde e esperançosa; nunca, porém, passiva.

Jovem! Estude as obras O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo. Assim, você entenderá a vida como ela de fato é, e a fé em Deus será uma fé racional, ardente, ativa. Tanto é que os próprios espíritos elevados nos ensinam que devemos “amar a Deus, mas sabendo por que o amamos e acreditarmos em suas promessas, mas sabendo por que o fazemos”.

Vinicius Del Ry Menezes