JESUS E A DESIGUALDADE SOCIAL

À época de Jesus, a sociedade era composta basicamente de duas classes: os ricos privilegiados e os pobres sofredores.

A classe dos ricos privilegiados era composta pelos comerciantes abastados que dominavam as rotas comerciais com outros povos, pelos rabinos e políticos do Sinédrio responsáveis pelas questões religiosas e pelos romanos dominadores militares da região.

Já a classe dos pobres sofredores, essa bem maior do que a primeira, era composta pelos pescadores, agricultores e pastores simples que viviam das forças da natureza, pelos simples vendedores de objetos, espécie de caixeiros viajantes da época, e pelos mendigos e doentes abandonados à própria sorte.

Jesus, ciente dessa injustiça social, certa tarde, contou a seguinte parábola para os seus discípulos:

– Um homem riquíssimo se banqueteava todos os dias de forma esplendida. Certo dia, um mendigo chamado Lázaro, cheio de feridas abertas pelo corpo, pediu, pelo portão, que o homem rico lhe desse as migalhas de sua mesa. Enxotado dali, humilhado, Lázaro morreu de fome. Pouco depois, o homem rico também morreu.

Essa era uma cena típica da sociedade da época (e da nossa atual). Jesus continuou:

– O homem rico viu-se no inferno, em meio a inúmeros tormentos, e, ao levantar os olhos, viu Lázaro em meio aos anjos no céu, junto a Abraão, o patriarca bíblico. Sofrendo, o homem rico rogou a Abraão que permitisse que Lázaro lhe desse água, o que Abraão não permitiu, pois havia um abismo entre eles, já que, durante a vida, o homem rico já tinha recebido os seus bens enquanto Lázaro apenas os males. O homem rico, então, pediu para que os seus irmãos fossem avisados, a fim de reformularem a própria conduta e não terminarem no inferno como ele. Mas pai Abraão, firme, também não permitiu, lembrando que todos já tiveram os ensinamentos de Moisés e dos antigos profetas.

Os apóstolos ficaram fortemente impressionados com essa história, já que, desde há muito, toda a humanidade tivera a oportunidade de entender a real utilidade dos bens materiais e das riquezas.

Deus põe a riqueza sob a tutela de algumas pessoas para que elas, por meio da correta administração, possam multiplicá-la e reparti-la com as demais pessoas, por meio da criação de trabalhos dignos, gerando progresso e bem-estar para a humanidade como um todo em diversos campos: científicos, artísticos, esportivos, administrativos, industriais e comerciais*.

No entanto, o que se vê, ainda hoje, são administradores de riquezas mesquinhos, avaros, egoístas, que gastam fortunas para satisfazerem um desejo, mas que são incapazes de doarem uma esmola qualquer a um necessitado prestes a morrer de fome.

A desigualdade social, portanto, é uma invenção dos homens, seres egoístas, mesquinhos, apegados, orgulhosos, que pensam ser privilegiados por terem dinheiro quando, na verdade, deveriam se reconhecer como os grandes responsáveis pelas mudanças sociais necessárias em nossa sociedade.

Jesus deixa isso muito claro por meio da parábola de Lázaro, principalmente no final, quando mostra que Abraão chama a atenção para o fato do homem rico já ter tido a sua recompensa na terra e, principalmente, ao lembrar que todos já tivemos os ensinamentos de Moisés e dos demais profetas.

Jovem! A desigualdade social é uma chaga que assola a nossa humanidade porque o homem ainda se apega ao egoísmo e aos bens materiais, esquecendo-se que todos somos irmãos, filhos de Deus. Se você tem dinheiro, saiba que é sua responsabilidade administrá-lo por uma sociedade mais justa e igualitária. Se você não tem dinheiro, saiba que também é sua responsabilidade trabalhar por uma sociedade mais justa e igualitária dentro das suas possibilidades. Quando ricos e pobres se reconhecerem como irmãos e trabalharem juntos para o bem-estar de todos, a desigualdade social será apenas uma lembrança dos livros de história.

Vinicius Del Ry Menezes

*Sugere-se a leitura do capítulo 16, Não se pode servir a Deus e a Manon, do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo para o aprofundamento desse tema.