JESUS, A FÉ E A CARIDADE
Considerando-se que a fé é a compreensão sobre o que se pode realizar, para si e para o próximo, a caridade só pode ser sustentada pela fé.
Caridade é trabalhar para o próximo e pelo próximo por amor a ele. E só consegue fazer isso quem compreende as suas próprias capacidades físicas e morais, agindo de modo a ajudar o outro em suas necessidades, também físicas ou morais. Por isso, a caridade, para ser praticada, precisa da fé que a sustente, da compreensão que a embase.
Como ajudar o próximo se não se acredita na própria capacidade de ajudá-lo? Sem a fé em si mesmo não é possível amparar o outro.
Por que ajudá-lo se o problema é dele e não temos nada com isso? Sem a fé em Deus, o próximo deixa de ser um irmão necessitado e passa a ser um estranho a ser evitado. E por fé em Deus leia-se a compreensão racional de que a vida aqui na Terra é para a evolução moral de todos os seres criados por Ele. Sem essa compreensão, a vida cai no vazio existencial, no medo da morte, na paralisia dos próprios recursos íntimos, impossibilitando a prática da caridade de qualquer tipo.
Profundo conhecedor das leis morais da vida, Jesus tinha fé na humanidade. Ele sabia que, pela lei do progresso, todos evoluiremos para Deus novamente. E para nos ajudar, o Mestre praticava a caridade incessantemente, por amor a nós e a Deus.
Abnegado, Jesus desceu das esferas crísticas e reencarnou em um estábulo miserável, ensinando-nos a humildade, por ter fé em Deus.
Caridoso, ensinou a leigos, prostitutas e criminosos todas as verdades espirituais, esperançoso de que seus ensinamentos despertassem a consciência deles para Deus.
Desapegado, possuía uma única túnica, confiante em Deus que teria uma pedra onde repousar a cabeça à noite.
Generoso, dividiu os poucos pedaços de pão e peixe com a multidão faminta, como um pai que deixa de comer para alimentar os filhos, exemplificando a renúncia a si mesmo em benefício do próximo.
Altruísta, curou gratuitamente cegos, paralíticos, obsediados, por ter fé em si mesmo, compreendendo a sua própria capacidade mediúnica.
Sacrificou-se na cruz para nos ensinar o perdão ao próximo, porque não há caridade maior do que perdoar quem nos prejudicou.
Hoje, deixamos de ajudar o amigo necessitado, por preguiça. Nos afastamos do colega que pensa diferente de nós, por não o compreender. Criticamos o outro que agiu de forma equivocada, esquecendo que nós também cometemos os nossos equívocos. Viramos o rosto para a criança pedindo dinheiro no farol por nos incomodarmos com a sua presença.
Agimos de forma tão desrespeitosa, tão contrária à caridade, por não compreendermos os verdadeiros valores da vida: o amor ao próximo.
Por isso Kardec, no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, escreveu que “fora da caridade não há salvação”. A caridade, sustentada pela fé, ou seja, pela compreensão dos verdadeiros valores da vida, é a única forma de sacrificarmos o nosso próprio egoísmo em benefício da comunidade, de modo que, nos tornando pessoas melhores, melhoramos o mundo.
Jovem! Você que já compreende os verdadeiros valores da vida, não desista do bem, mesmo quando o mal parece prestes a vencer. A sua fé; a sua caridade, seja física ou moral; a sua luta contra o seu próprio egoísmo; enfim, as suas pequenas atitudes diárias rumo a um mundo melhor são cruciais para que, juntos, possamos nos ajudar uns aos outros. E quando o desânimo bater, releia a parábola O Bom Samaritano. Toda essa explicação teórica que você leu aqui está lá, exemplificada em uma história contada por Jesus. Uma história ainda tão atual…
Vinicius Del Ry Menezes