JESUS E A DOUTRINA ESPÍRITA

JESUS E A DOUTRINA ESPÍRITA

08/10/2020 Juventude 0

Jesus estava reunido com os seus doze apóstolos. Ele sabia que o momento de sua crucificação não tardaria. Por isso, passou a instruir seus discípulos de forma mais direta, embora ainda se utilizasse de muitas metáforas. E naquele momento, Jesus disse:

– Se vocês me amam, protejam os meus ensinamentos e eu pedirei a meu Pai para que ele envie um outro Consolador a fim de que permaneça com vocês por toda a eternidade: o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber agora porque não o vê e não o conhece. Mas vocês o conhecerão porque ele estará com vocês e permanecerá em vocês. Mas o Consolador, que é o Santo Espírito, que o meu Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e fará vocês se lembrarem de tudo aquilo que eu tenho lhes dito.

Devido à condição moral da população, e também pelo atraso científico da época, Jesus se viu obrigado a transmitir muitos dos seus ensinamentos de forma metafórica, porque muitos não tinham condições de entender as verdades eternas que ele ensinava. Mas Jesus sabia que um dia seus ensinamentos seriam explicitados e explicados à luz da ciência e da razão.

Demorou mais de mil e oitocentos anos para que esse dia chegasse. Mas enfim, chegou.

Allan Kardec, pedagogo, professor e cientista francês, tendo conhecimento de diversos fenômenos mediúnicos que ocorriam não só na França, mas também no mundo todo, decidiu estudar cientificamente aqueles acontecimentos.

Observando, analisando, comparando, julgando, criando hipóteses e submetendo-as à razão, chegou a uma espantosa conclusão: aqueles fenômenos mediúnicos só poderiam ser produzidos por um ser inteligente e dotado de vontade própria. A esse ser ele chamou de espírito.

A Doutrina Espírita surge como a ciência do espírito, a ciência que se propôs a estudar o que acontece com a alma após a morte do corpo físico.

Aprofundando esses estudos, utilizando-se da capacidade mediúnica de diversos médiuns espalhados pelo planeta, Kardec descobriu, por meio dos ensinamentos de vários espíritos dos mais diferentes graus evolutivos, que o espírito é criado por Deus; que esse espírito reencarna em um corpo físico quantas vezes for necessário para a sua evolução moral e intelectual; que todo espírito é dotado de livre-arbítrio, mas está submetido às consequências dos seus atos, seja na atual encarnação ou nas próximas; e que a destinação final do ser é evoluir até voltar ao Pai, a Deus, novamente.

Kardec espantou-se. Aquela ciência do espírito respondia as três perguntas que atormentaram todos os filósofos da humanidade: quem sou eu, de onde vim e para onde vou?

Sou um espírito, criado por Deus e destinado a voltar a Ele!

Dessa forma, a ciência do espírito também era uma filosofia.

Kardec, então, debruçou-se sobre a resposta de que o espírito está destinado a voltar ao Pai, a Deus. Como?, perguntou-se.

Veja Jesus, respondeu um dos espíritos.

Kardec aprofundou-se no Evangelho de Jesus Cristo. De posse do conhecimento do espírito, entendendo o conceito da reencarnação, compreendendo o livre-arbítrio e sua relação com a lei de causa e efeito, Kardec pôde, enfim, explicar racionalmente, explicitamente, todos os ensinamentos de Jesus.

A ciência do espírito, contendo respostas filosóficas, demonstrava a maneira de nos religarmos a Deus, nosso Pai. Por isso, Kardec se viu envolto em três grandes áreas: a científica, a filosófica e a religiosa. Sendo assim, a Doutrina Espírita não é só uma religião, nem só uma ciência, tampouco uma filosofia. É um corpo de conhecimentos unidos, integrados, interdependentes que precisam ser estudados e aplicados juntos.

Kardec não inventou a Doutrina Espírita. Ele a estudou e organizou os seus conhecimentos de forma clara, racional, acessível e didática*.

Jesus sabia que um dia ele poderia enviar o Consolador Prometido. Muitos pensaram que seria uma pessoa, mas não: era um conjunto de espíritos moralmente elevadíssimos que viriam e revelariam, à luz da ciência e da razão, todas as verdades espirituais. Verdades que consolam a dor e nos dão forças e esperanças em dias futuros.

Jovem! A Doutrina Espírita é uma doutrina de luz, de amor, de consolo e de esperança. É a Doutrina que nos liberta para sermos quem desejamos ser. É a Doutrina que nos impulsiona a sermos melhores do que somos. É a Doutrina da fé raciocinada. É a Doutrina que explica de forma clara o que Jesus explicou de forma metafórica. Enfim, é a Doutrina que nos incentiva a fazermos duas coisas que Jesus nos ensinou: a amar uns aos outros e a nos instruir.

Vinicius Del Ry Menezes

* Sugere-se a leitura de todas as obras de Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese.