JESUS E A PARÁBOLA DO SERVO TRABALHADOR

Os apóstolos de Jesus, após alguns ensinamentos do Mestre, pediram para ele:
– Mestre, aumenta a nossa fé.
Jesus respondeu:
– Se vocês tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, diriam para esta árvore “levante-se e jogue-se ao mar” e ela lhes obedeceria.
E para fixar o ensinamento, narrou a seguinte parábola*:
– Quem de vocês, tendo um servo ocupado na lavoura ou cuidando do gado, lhe dirá, quando ele voltar do campo, “venha e sente-se à mesa”? Antes, você lhe dirá “prepara-me a janta, aproxime-se e sirva-me enquanto eu como e bebo, e depois você comerá e beberá”? Por acaso você agradecerá ao servo por ele ter feito o que lhe havia ordenado? Assim também vocês, depois de terem feito o que eu mandei fazerem, digam: “somos servos inúteis, pois fizemos o que devíamos fazer”.
A princípio essa parábola é estranha e não faz sentido em relação a pergunta feita pelos discípulos.
Ao pedirem para que Jesus aumentasse a fé deles, os apóstolos demonstraram pouco entendimento sobre o conceito de fé, além de acreditarem que um sentimento como esse pode ser simplesmente dado, e não construído.
Fé é ação no bem.
A fé não é uma simples crença, embora precise dela para agir.
A fé não é uma simples vontade, embora precise dela para agir.
A crença no bem e a vontade de praticá-lo desenvolvem o sentimento da fé, que se transforma em ação digna em proveito próprio e dos outros.
A fé, portanto, não pode ser dada ou aumentada pelos outros, mas por si próprio, pelo seu próprio estudo, que amplia a crença, e pela sua própria vontade, que lhe faz agir.
Os apóstolos queriam que Jesus fizesse por eles o que eles próprios deviam fazer.
Por isso Jesus lhes dá um profundo ensinamento sobre o trabalho.
Na parábola, Jesus narra as responsabilidades do servo: cuidar do campo, do gado, cozinhar, servir a mesa, esperar o senhor comer, para só depois pensar em si próprio. E por que venerá-lo, se ele só fez o que foi contratado para fazer?
Do mesmo modo a fé: por que Jesus devia aumentar a fé dos discípulos, se cabia a cada um, e somente a cada um, o esforço próprio de desenvolvê-la por meio do trabalho?
Jesus, em pessoa, não tinha chamado eles para serem pescadores de almas?
Jesus, em pessoa, não tinha ensinado o seu Evangelho?
Jesus, em pessoa, não tinha trabalhado dia e noite, inclusive aos sábados, dia sagrado?
Não cabia, então, aos próprios discípulos realizarem o que eles foram chamados a realizar?
Não adianta viver na ilusão de que a fé é algo que vem de fora para dentro. A fé é desenvolvida de dentro para fora, por meio do trabalho digno no bem a favor de si e do próximo.
Jovem! Realize todas as suas tarefas sem esperar elogios ou agradecimentos. Você deve realizar todas as suas responsabilidades de uma forma bem-feita – é a sua obrigação. Somente assim, você desenvolverá a fé em si próprio e a vontade de trabalhar pelo próximo, pois você perceberá o qual útil você é para todos que estão a sua volta.
Vinicius Del Ry Menezes
*sugere-se a leitura do livro Parábolas e Ensinos de Jesus de Cairbar Schutel, editora O Clarim.