JESUS E A BONDADE

Felizes aqueles que são brandos, porque possuirão a Terra, disse Jesus no inesquecível Sermão da Montanha.

A brandura é uma das virtudes mais fortes que um ser humano pode adquirir, já que ela se opõe frontalmente à raiva, à cólera, à maledicência, à manipulação, enfim, a qualquer atitude que prejudique o próximo.

A sua força está no fato de que ela reúne em si mesma a “doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a paciência”*. Tantas virtudes assim reunidas faz com que quem a possui se torne um ser humano bondoso para consigo mesmo e para com o próximo.

Quem é bondoso se esforça para ajudar em qualquer ambiente social em que se encontre, mesmo que ninguém o ajude.

Quem é bondoso faz amizades naturalmente com todos aqueles a quem se apresente, mesmo que os outros não o considerem um amigo.

Quem é bondoso respeita o próximo, mesmo quando não concorda com ele, pois sabe que o outro tem os mesmos direitos de escolha que possui.

Quem é bondoso não julga as decisões do outro, antes compreende o que o motivou a agir daquela forma.

Quem é bondoso sempre tem uma palavra que desculpa o erro do próximo, mesmo que os seus próprios erros raramente sejam desculpados.

Quem é bondoso não se reúne na multidão para julgar, gritar, apedrejar, cancelar o outro, mesmo quando o outro é um criminoso, pois sabe que pela lei de causa e efeito esse criminoso já está assinalado pela justiça divina.

Quem é bondoso age igual dentro de casa e na rua, sem alterar a sua conduta, sem fingir ser algo que não é só para agradar o próximo e obter algum tipo de vantagem ou benefício.

Por isso Jesus disse que eles possuirão a Terra, pois quem pratica a bondade, pela lei de causa e efeito, cedo ou tarde, nessa ou nas próximas reencarnações, receberá de volta todo o bem praticado.

Para ser bondoso é necessário ter uma atitude firme contra os próprios impulsos negativos que todos ainda temos em nossa alma. Por isso, Jesus também disse no Sermão da Montanha que felizes são os que tem puro o coração, porque eles verão a Deus.

A bondade depende da capacidade de olharmos dentro de nós mesmos e encontrarmos os impulsos divinos que habitam em nós e, por meio de um esforço consciente, agirmos de acordo com esses impulsos, abandonando dia a dia os instintos violentos, mesquinhos e baixos que ainda possuímos.

Todos temos luz e sombra dentro de nós. Quem olha para si mesmo e escolhe ver a própria luz, encontra força suficiente para se tornar bom e enxergar a bondade nos outros. Mas quem olha para si mesmo e escolhe ver a própria sombra, perde-se na própria mesquinharia e não consegue enxergar mais a bondade nos outros.

Perdidos em suas próprias sombras, os escribas e fariseus que tanto perseguiram Jesus podem ser comparados aos atuais haters que tanto ódio destilam nas redes sociais.

Naquela tarde, os haters que seguiam Jesus, raivosos e hipócritas, tentaram polemizar com o Mestre, questionando-o por que os seus discípulos não lavavam as mãos antes das refeições; ritual que eles julgavam estar sendo violado pelos apóstolos. Os escribas e fariseus acreditavam que bastava lavar as mãos antes de comer para que o homem fosse purificado diante de Deus!

Jesus chamou todo o povo para perto de si e respondeu:

– Não é o que entra pela boca que enlameia o homem, mas o que sai da boca do homem. O que sai da boca parte do coração e é o que torna o homem impuro, porque é do coração que partem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as perversões, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias e as maledicências. Estão aí as coisas que tornam o homem impuro.

Jovem! Não se perca nas sombras da raiva, do rancor, da mágoa, da inveja, do despeito que tem levado tantas pessoas ao ódio gratuito e violento. Busque dentro da sua própria alma a luz divina que habita em você. Ande nela e aja por ela. Deixando-se guiar por essa luz, a sua bondade se expandirá naturalmente até que um dia, em futuras reencarnações, você se tornará tão puro de coração como Jesus o é.

Vinicius Del Ry Menezes

*Recomenda-se a leitura integral do capítulo 09, Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.