JESUS E A JUSTIÇA DIVINA

Jesus e seus discípulos foram cercados pelos soldados enviados pelo Sinédrio. Num movimento rápido, um dos apóstolos sacou sua espada e colocou a lâmina no pescoço de um dos soldados que, assustado, ficou imóvel. Jesus, porém, mais rápido do que aquele movimento de defesa, disse:
– Guarde sua espada porque quem fere pela espada, pela espada será ferido.
Apesar da alta tensão do momento, Jesus ainda teve a frieza de ensinar a Justiça Divina a partir da atitude de um dos seus discípulos.
A Justiça Divina está muito acima da justiça humana.
A justiça humana, cheia de leis, processos e burocracias, frequentemente promove o contrário: a injustiça, a desigualdade. É uma justiça punitiva, baseada no medo e na dor, na privação da liberdade, quando não no constrangimento. Sem contar nas inúmeras vezes em que é injustamente aplicada por aqueles que deveriam ser o exemplo de correção e honestidade. É uma justiça ainda necessária, já que a humanidade ainda não aprendeu a amar o próximo.
A Justiça de Deus, ao contrário, é a expressão máxima do amor do Pai por nós, filhos ainda rebeldes que teimamos em descumprir a sua lei de Amor.
Para entender essa Justiça Divina, no entanto, é necessário voltar ao tema do texto passado: a reencarnação.
Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo, disse Jesus a Nicodemos, porque a reencarnação é lei universal que rege a evolução dos Espíritos rumo a Deus.
O fato da reencarnação ser possível já demonstra a Justiça Divina em todo o seu amor, porque a reencarnação, por mais difícil que seja, não tem por função punir, mas, sim, educar. Seria injusto termos apenas uma única vida, repleta de sofrimentos.
Seria injusto uns nascerem pobres enquanto outros nascem ricos, se não houvesse a reencarnação. Por que o privilégio financeiro?
Seria injusto deficientes físicos nascerem com tantos impedimentos enquanto outros nascem com vigor físico invejável, se não houvesse a reencarnação. Por que o privilégio físico?
Seria injusto uns nascerem com dificuldades intelectuais enquanto outros nascem superdotados nesse quesito, se não houvesse a reencarnação. Por que o privilégio intelectual?
Seria injusto uns morrerem após o parto enquanto outros vivem facilmente um século, se não houvesse a reencarnação. Por que o privilégio de poder viver mais?
Seria injusto uns passarem por tantas dificuldades ao longo da vida enquanto outros parecem que vivem em paz, se não houvesse a reencarnação. Por que mais esse privilégio?
A Justiça Divina dá a cada um segundo as suas obras, como bem explicou o apóstolo Paulo de Tarso em uma de suas epístolas. Doenças físicas e intelectuais, dificuldades financeiras, falta de oportunidades, dificuldades em geral não são castigos de Deus. São, apenas, a aplicação da Justiça Divina com o objetivo de educar o Espírito reencarnado. As alegrias e tristezas são determinadas pelas nossas atitudes em reencarnações anteriores.
Como Deus é Justo e sua Justiça é Amor, o Pai permite que cada reencarnação se dê nas condições em que melhor possamos evoluir enquanto Espíritos eternos.
Enquanto a justiça humana pune e entrega o criminoso à própria sorte e não lhe dá uma segunda chance para se redimir, a Justiça Divina, por meio das inúmeras reencarnações, dá quantas chances forem necessárias para que o Espírito possa se redimir perante a si mesmo, perante a sociedade e perante a Deus que, com todo o seu amor, educa e ainda alivia as dores já que, como Jesus disse, felizes são os aflitos porque serão consolados.
Portanto, a reencarnação se dá de acordo com o merecimento de cada um. Como o nosso passado é um passado em que cometemos diversos desmandos, as aflições pelas quais passamos hoje são elementos educativos com o objetivo de nos fazer refletir para as verdades universais e para a lei maior do universo: o Amor.
Hoje, de forma justa, enfrentamos as consequências do nosso passado. Portanto, se queremos um amanhã tranquilo, não podemos mais ferir pela espada, para que não tenhamos mais lições dolorosas no futuro. Porque se é possível fugir das leis punitivas dos homens, é impossível fugir da lei do amor educativo pelos processos da reencarnação.
Jovem! Não maneje a espada que fere, porque somente você será responsável pelo que fizer com ela. O objetivo desse texto não é pôr medo, mas sim despertar a consciência de que somos responsáveis pelos nossos atos, pelas nossas obras, e que, acreditando ou não, querendo ou não, teremos outras reencarnações. Avalie a sua reencarnação atual: tudo aquilo que você acha injusto na sua vida é uma lição primorosa para sua evolução. A sua dor não é punição, é lição. Ela não é injusta, portanto aprenda com ela sem se revoltar.
Vinicius Del Ry Menezes