JESUS E O MEDO

JESUS E O MEDO

17/09/2020 Juventude 0

Jesus, após diversos ensinamentos transmitidos aos discípulos, enviou-os em duplas para pregarem em diversas regiões de Israel. O seu objetivo era que os apóstolos pudessem treinar na prática os profundos ensinamentos teóricos ensinados e que se preparassem para quando Jesus não estivesse mais entre eles. Como um verdadeiro mestre, Jesus preparava seus discípulos para serem tão bons quanto ele.

Antes da partida, porém, Jesus ainda lhes deu novas orientações de como procederem*. Percebendo que alguns estavam com medo das possíveis perseguições que poderiam sofrer, Jesus orientou:

– Quando, porém, perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra…

Essa passagem é bem expressiva para o estudo do medo.

Jesus não pede para que seus discípulos não tenham medo, pelo contrário, pede para que eles saiam da cidade na qual forem perseguidos.

Isso demonstra que o medo é uma emoção real e importante para o ser humano, porque ele nos impede de tomarmos atitudes que atentem contra a nossa própria vida. Se não tivéssemos medo de cair, poderíamos nos acidentar fatalmente. Se não tivéssemos medo de frequentar certos locais à noite, poderíamos sofrer violências de todos os tipos.

O medo é uma emoção que preserva a vida e deve ser respeitado.

Por isso Jesus, ao perceber que seus discípulos estavam com medo de serem mortos durante as pregações, não desdenhou dessa emoção. Pelo contrário, sugeriu que tomassem uma atitude de preservação à vida: que partissem para outro local.

Depois de mais algumas orientações, Jesus acrescentou:

– Portanto, não tenham medo deles; porque não há nada escondido que não será descoberto, nem oculto que não será conhecido.

Parece contraditório que Jesus num primeiro momento valorize o medo para, logo em seguida, pedir que não o fosse sentido pelos discípulos.

No entanto, esse segundo medo a que Jesus se refere não é o mesmo medo do primeiro.

Nesse segundo ensinamento, Jesus alude ao medo metafórico, irreal, interno, criado em nossa mente ainda presa a sentimentos negativos. Aqui, Jesus não se refere ao medo real, físico, externo, que pode nos levar à morte.

Há dois tipos de medo: o medo de algo real, que pode nos prejudicar, e o medo de algo irreal que nem nós mesmos conseguimos definir.

Ao contrário do medo real, que nos impulsiona a agirmos para nos protegermos, o medo ilusório é criado por nossa própria mente e nos paralisa, impedindo-nos de conquistarmos os nossos sonhos, os nossos desejos e a nossa alegria.

Muitos têm medo do abandono, por isso não se relacionam intimamente com outra pessoa. Muitos têm medo da responsabilidade, por isso não concorrem à promoções no trabalho. Muitos têm medo do fracasso, por isso não tentam realizar os seus desejos mais íntimos no campo profissional, artístico, esportivo e pessoal.

Abandono, responsabilidade e fracasso, só para ficar nesses três exemplos, não leva ninguém à morte. Por que ter medo deles?

É a esse tipo de medo, o medo ilusório criado pela nossa própria mente, a que Jesus se refere ao dizer aos discípulos para que não tenham medo. Porque muitos dos discípulos naquele momento estavam criando medos ilusórios em suas próprias mentes.

Quando Jesus diz que “não há nada escondido que não será descoberto” ele indiretamente nos ensina a como superarmos esse medo: reconhecendo-o, aceitando-o e descobrindo o motivo pelo qual nós o temos. Na verdade, esse tipo de medo sempre esconde algum sentimento ou pensamento não trabalhado ou sufocado dentro de nossa mente.

Jovem! Sinta medo daquilo que pode lhe tirar a vida: drogas, fumo, violência, imprudência ao volante, sexo sem proteção. Aja para que nada disso lhe tire a vida. Mas quando sentir medo de algo que nem mesmo você consegue definir, escute-o, tente tirá-lo do seu esconderijo, procure dentro de você mesmo qual sentimento ainda não está trabalhado. Dessa forma, você poderá enfrentá-lo e não perderá as diversas chances de ser feliz que a vida nos apresenta todos os dias!

Vinicius Del Ry Menezes

*O Evangelho de Mateus, no capítulo 10, narra todas as orientações passadas aos discípulos. Recomenda-se a leitura integral do texto.