JESUS E MARIA MADALENA

JESUS E MARIA MADALENA

27/08/2020 Juventude 0

Jesus amava Maria Madalena. Natural de Magdala, cidade que fica ao sul de Kafarnaum, Maria era a cortesã mais famosa e influente de toda a Palestina. Vivia em meio à riqueza e suas consequências, num castelo sobre formosa colina próxima ao Mar da Galileia.

De descendência grega, Maria decorara o castelo com estátuas gregas e macedônias e cultivava um jardim de flores raras. Especialista na produção de perfumes, suas essências eram apreciadas em toda a região. Durante o dia, ela abria as portas de seu castelo para distribuir sopa aos pobres, que se amontoavam, famintos.

Desiludida, cansada do jogo de aparências, das manipulações e falsidades de seus clientes, aos 24 anos de idade, tudo o que Maria Madalena desejava era um amor verdadeiro, simples e puro, em que pudesse se entregar de corpo e alma. Mas um pensamento repetitivo sempre lhe passava pela cabeça: “Um homem que não pede nada em troca? Isso não existe”.

Até que em uma bela tarde, ela viu uma multidão cercando um homem. Curiosa, aproximou-se e ouviu aquele homem simples dizer:

– O amor cobre a multidão de pecados.

O povo chorava. Não aquele choro de dor, mas aquele choro de alívio, em que a alma se liberta das dores morais mais profundas.

Jesus pousou o olhar em Maria e, sorrindo, disse:

– Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Se não houver amor, a pessoa vive sem existir, desaparece a verdadeira vida. O amor é o único nome que pode substituir Deus.

As dores mais profundas de Maria se aliviaram. Grossas lágrimas rolaram de seus olhos. Pela primeira vez em toda a sua vida, sentiu o amor. O amor puro. Aquele amor que eleva a alma. “Quem é esse homem?”, pensou Maria.

À noite, ao descobrir que ele era Jesus, o Messias prometido, Maria não se deteve: invadiu a casa de Simão, um rico rabi fariseu que, sob o falso pretexto de homenagear Jesus, promovia um jantar para levantar provas contra o Mestre. Ao avistar Jesus entre os convidados, Maria ajoelhou-se e lavou os pés dele com uma das mais raras essências produzidas por ela. Escândalo! Os falsos moralistas fariseus, muitos deles frequentadores do castelo de Maria, fingiam-se indignados por Jesus se deixar ser tocado por ela. Maria secou os pés de Jesus com o seu próprio cabelo.

– Jesus, salva-me! – implorou.

– Sua fé te salvou! – Jesus disse, agradecido.

Maria sentiu a vida pulsando em seu coração.

Doou tudo o que tinha para os pobres. Decidiu-se com firmeza a abandonar aquela vida anterior, calcada na dor, no sofrimento, na corrupção moral, para se tornar uma nova pessoa e viver uma vida simples e verdadeira, banhada pelos mais puros sentimentos.

Entregou-se de alma a Jesus, a ponto de se tornar uma das mais importantes discípulas do Mestre. Tão importante que João, o mais novo dos apóstolos, um dia lhe disse: “uma única mulher equivale a doze discípulos homens”.

Essa frase foi tão verdadeira que, durante todo o calvário pelo qual Jesus passou, Maria Madalena não abandonou o seu Mestre, amigo e pai espiritual. Foi uma das poucas a não ter medo de ser presa e condenada ao lado de Jesus, enquanto os outros se esconderam. Não é à toa que foi para Maria que Jesus, após morrer na cruz, apareceu primeiro e a quem pediu para que transmitisse um recado aos demais discípulos.

Após os 40 dias que Jesus, em espírito, ficou com os discípulos, cada um partiu para cumprir suas missões de expansão do evangelho e de exemplificação da doutrina. Pela força do amor, que agora transbordava do coração de Maria, ela foi cuidar de leprosos.

Longos anos se passaram. Muitos leprosos morreram. Mas morreram amados e muito mais tranquilos e cheios de esperança no Reino dos Céus, que Maria sempre lhes falava. Ela também adoeceu e, em seu último dia de vida, ainda encontrou tempo de fazer uma última palestra:

– Estou doente do corpo, não da alma. O maior ensinamento que meu Mestre nos deu foi amar a Deus sob todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo. Quem ama, vive!

Naquela mesma noite, Jesus veio buscá-la para o Reino dos Céus. Ele disse:

– Maria, hoje eu lhe abraçarei, afagarei teus cabelos e lhe darei aquilo que você sempre quis e que hoje conquistou em definitivo: o amor sublime!

Maria Madalena. De pecadora tornou-se discípula. De discípula, anjo.

Jovem! Quem ama, vive!

Vinicius Del Ry Menezes