SEU JOVEM NÃO É UM PERFECCIONISTA?

SEU JOVEM NÃO É UM PERFECCIONISTA?

01/02/2021 Amor e Luz 0

Uma característica das pessoas perfeccionistas é o desejo de sempre alcançar o lugar mais alto do pódio. Elas tendem a dividir o mundo entre ganhadores e perdedores e exigem de si excelência nas mínimas coisas. Querem ser o aluno nota 10 do colégio, o jogador mais hábil do time, o melhor músico da banda, o filho mais inteligente… e tudo ao mesmo tempo. Como é humanamente impossível garantir ótimo resultados em tantas áreas, acabam se frustrando e sofrendo. Pelo excesso de autocrítica, o jovem com esse perfil não consegue avaliar suas conquistas de maneira positiva e raramente sente-se feliz com os resultados que alcança, pois sempre acha que podia ter feito mais. Com frequência, um dos efeitos dessa insatisfação constante é o impulso de deixar inacabados todos os projetos que inicia. Afinal, se não for para vencer, nem vale participar.

A origem desse comportamento pode estar na atitude dos pais. Adultos perfeccionistas, críticos demais ou que depositam no filho expectativas exageradas muitas vezes incutem no jovem o medo de errar; o que o faria perder a admiração e o afeto da família. Para não correr riscos, ele prefere nem se expor a atividades em que não consiga se sobressair. É natural que os pais desejem que os filhos tenham oportunidades em um mercado de trabalho competitivo. Da mesma forma, é saudável que o adolescente se esforce para garantir bons resultados. O que não se deve é sobrecarregar o garoto ou a garota com tarefas e responsabilidade que o impeçam de viver o presente e de realizar as atividades típicas da sua fase de desenvolvimento.

Incapaz de se sentir despreocupado ou de se dedicar a uma tarefa apenas por prazer, o adolescente perfeccionista raramente se sente feliz. Por isso, está mais exposto a desenvolver problemas emocionais, como baixa autoestima, e distúrbios físicos, como quadros graves de estresse.

O que Fazer?

Ajudá-lo a diminuir as expectativas é o primeiro passo para evitar esses desdobramentos. Um bom começo é oferecer a ele a oportunidade de conversar sobre suas angústias. Valorize as conquistas dele.

Ensine-o também a priorizar as metas: ele pode ter um objetivo principal, ao qual se dedique com afinco, e outros secundários, que podem ser conduzidos com menor empenho.

O auxílio de um psicoterapeuta costuma ser bem vindo. Aprender a lidar com a busca da perfeição, usando-a positivamente e evitando os excessos, é uma maneira de garantir mais qualidade de vida no presente e no futuro. O desejo de fazer o melhor e a capacidade de se dedicar à superação das próprias limitações são um impulso poderoso para o sucesso, mas não se justificam quando geram sofrimento e angústia.

Ari Rehfeld,

psicoterapeuta, professor e supervisor da clínica de psicologia da PUC-SP