JESUS E O INIMIGO

JESUS E O INIMIGO

28/05/2020 Juventude 0

Uma das passagens do evangelho de Jesus que mais desafiam o ser humano é aquela em que o Mestre diz: “ame os seus inimigos, faça o bem aos que te odeiam, e ore por aqueles que te perseguem e caluniam”.

Como amar o inimigo se mal conseguimos amar aqueles que nos amam? Eis aí um verdadeiro desafio.

Mas isso se torna simples se entendermos que, ao dizer para amar, Jesus se referia a não vingar-se dele.

Esse trecho é bem explicado por Allan Kardec, na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, quando ele diz: “amar os inimigos é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança. É perdoar-lhes, sem segundas intenções e incondicionalmente, o mal que nos fazem. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem em lugar de desejar-lhes o mal. É se alegrar, em vez de se afligir, com o bem que lhes acontece. É estender-lhes mão segura em caso de necessidade. É abster-se, em palavras e ações, de tudo o que pode prejudicá-los. Enfim, é devolver-lhes sempre, ao mal, o bem, sem intenção de humilhá-los. Qualquer um que faça isso cumpre as condições do mandamento: amai os seus inimigos”.

Uma explicação tão lógica e racional que nos faz lembrar três grandes exemplos do século passado: Mahatma Gandhi, que libertou a Índia da dominação inglesa; Martin Luther King, que lutou pelos direitos civis dos negros norteamericanos; e Nelson Mandela, que pôs fim ao apartheid sul-africano.

Três exemplos historicamente recentes de pessoas que aplicaram à risca esse ensinamento de Jesus. Mandela, inclusive, teve a chance de se vingar de seus antigos torturados e carcereiros e não o fez.

Os três combateram ideias e preconceitos. Mas nunca viram as pessoas que as defendiam como inimigos. Se uma ideia ruim precisa ser combatida, isso não significa que se deve destruir aqueles que a tem. Pelo contrário, não é por meio da violência que se muda uma ideia, e sim por meio da educação.

E aqui está mais uma chave para entender como, pelo menos, respeitar um inimigo: não vê-lo como um inimigo, mas como uma pessoa que precisa ser melhor educada. A ideia que ela defende pode ser errada, mas não significa que a pessoa não mereça o nosso respeito, enquanto ser humano.

Mesmo que uma pessoa se declare nosso inimigo, e aja de modo a nos prejudicar, não significa que nós, por nossa vez, precisamos também vê-la como nosso inimigo.

Toda ação gera uma reação. Se nós formos as pessoas que, ao sermos prejudicadas, encerrarmos as reações de briga, luta e humilhação, a força daqueles que se dizem nossos inimigos diminui.

O fato de um membro da nossa família não nos respeitar, não significa que devemos desrespeitá-lo também.

O fato de nosso vizinho não nos respeitar, não significa que devemos desrespeitá-lo também.

O fato de nosso colega no colégio não nos respeitar, não significa que devemos desrespeitá-lo também.

O fato de nosso subordinado na empresa não nos respeitar, não significa que devemos desrespeitá-lo também.

O fato de nosso chefe não nos respeitar, não significa que devemos desrespeitá-lo também.

O fato do outro motorista no trânsito não nos respeitar, não significa que devemos desrespeitá-lo também.

O fato do outro passageiro no ônibus ou metrô não nos respeitar, não significa que devemos desrespeitá-lo também.

O fato dos nossos políticos não nos respeitarem, não significa que devemos desrespeitá-los também.

Enfim, o desrespeito do outro não justifica o nosso desrespeito para com ele. Pelo contrário, é agindo de forma respeitosa que os educaremos.

Jovem! Por mais que algumas pessoas se declarem seus inimigos, não significa que você precisa ser inimigo deles também. Aja de maneira que as ações ruins deles parem em você. Você não precisa reagir de forma a dar continuidade a essa briga. Você tem capacidade para encerrar qualquer conflito, desde que haja como Jesus ensinou: respeitando aquele que se diz seu inimigo!

Vinicius Del Ry Menezes